Venceu irmão de Assad em competição e acabou detido. "Início do pesadelo"

Adnan Kassar destacou-se numa prova e, pouco tempo depois, acabou por ser detido com acusações que considerou vagas. Acabou em várias prisões, durante quase 22 anos, entre as quais a Sednaya, conhecida como o 'matadouro de Assad'.

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© alialqaisa68/ X (antigo twitter)

Notícias ao Minuto
26/12/2024 17:39 ‧ há 14 horas por Notícias ao Minuto

Mundo

Síria

Adnan Kassar, é uma das inúmeras vítimas deixadas pela família Assad, que dominou a Síria durante anos e cujo regime caiu este mês - com a fuga do presidente, Bashar al-Assad, para a Rússia.

 

Pela primeira vez desde a queda do regime, Kassar falou com a Sky News sobre o que levou à sua detenção que, ordenada pelo pai de Bashar al-Assad, durou até 2014.

Tudo aconteceu em 1993, quando Kassar, se destacou numa competição equestre, assegurando a vitória para a sua equipa. A vitória foi amplamente comemorada, com exceção de um dos seus colegas e, até aí, alguém a quem chamava amigo próximo, Bassel al-Assad - irmão de Bashar al-Assad, que iria suceder ao seu pai, Hafez al-Assad, na presidência da Síria, caso não tivesse morrido em 1994 num acidente de automóvel em que seguia a alta velocidade.

"A multidão levantou-me em ombros. Foi um momento de pura alegria, mas para Bassel não foi a mesma coisa. Esse dia marcou o início do meu pesadelo", explicou á Sky News, falando da vitória. Pouco tempos depois, Kassar foi detido devido a acusações vagas que, segundo o que conta, foram fabricadas em resultado do ressentimento de Bassel.

Segundo o que recorda à imprensa britânica, aconteceram interrogatórios violentos, no qual foi vítima de abuso psicológico e físico: "Fui mantido [num local] abaixo do chão durante seis meses, espancado constantemente e interrogado sem fim", afirmou.

Depois, foi transferido para a prisão Sednaya, conhecido como 'o matadouro de Assad', local onde a "tortura ainda ficou pior".

Kassar recorda que quando Bassel morreu começaram a tratá-lo de forma ainda mais desumana, culpando-o mesmo pela morte do filho do então presidente. "Todos os anos a tortura intensificava-se no dia em que se assinalava a morte [de Bassel]", referiu.

Mais tarde, foi também transferido para a prisão Tadmur, conhecida também pelas suas poucas condições. "Furaram-me a orelha numa manhã e partiram-me o maxilar à noite”, recordou, dizendo que atos tão simples como rezar eram alvo de castigos extremos, como "ser chicoteado mil vezes. Os meus pés ficaram rasgados e os meus ossos expostos".

Kassar ficou detido durante 22 anos, e só depois de muita pressão por parte de grupos internacionais é que foi libertado, a 16 de junho de 2014.

Foi só agora, com a queda do regime, que Kassar decidiu falar sobre os seus anos na prisão, já que teve receio de que qualquer coisa que pudesse dizer o levasse de novo para a prisão. "Depois de anos, tortura e injustiça, a revolução acabou por derrubar este regime ditatorial", apontou.

Bashar al-Assad, que esteve no poder 24 anos, fugiu com a família para a Rússia, após a sua destituição pela HTS, herdeira da antiga afiliada síria da Al-Qaida e classificada como grupo terrorista por países como Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e ainda a União Europeia.

O novo poder instalado em Damasco nomeou o político Mohammed al-Bashir como primeiro-ministro interino do governo sírio de transição, cargo que assumirá até março de 2025.

Leia Também: Novo líder sírio discute segurança fronteiriça com delegação iraquiana

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