Na sexta-feira, o tribunal de recurso da Guatemala decidiu revogar a prisão domiciliária de José Rubén Zamora, decretando o seu regresso efetivo à cadeia.
O jornalista de 68 anos cumpriu 813 dias na prisão militar de Mariscal Zavala, de onde saiu no dia 19 de outubro, depois de outro tribunal lhe ter concedido a medida substitutiva de detenção domiciliária.
A mensagem da UE instando a Guatemala a "respeitar as normas internacionais sobre o devido processo legal e a liberdade de expressão" foi publicada nas redes sociais pelo porta-voz para as relações externas, Peter Stano.
Com 30 anos de carreira, o diretor e proprietário do El Periódico tem-se dedicado a investigar a corrupção estatal na Guatemala, tendo sido detido pela primeira vez a 29 de julho de 2022, acusado de lavagem de dinheiro, uma semana depois de ter feito críticas contra o governo do então presidente, Alejandro Giammattei (2020-2024).
Nos últimos quatro anos, pelo menos 65 pessoas (jornalistas, juízes, procuradores, ativistas) tiveram de deixar a Guatemala e partir para o exílio, alegando serem alvo de perseguição política pelo seu trabalho.
Em 2023, foram assassinados cinco jornalistas na Guatemala, segundo a UNESCO, agência das Nações Unidas.
Até agora, não houve avanços na investigação a essas mortes, mas a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) não descarta que tenham sido assassinados pelo seu trabalho jornalístico.
No seu último relatório, a FIJ assinala "uma degradação notória das condições de exercício da profissão de jornalista" na Guatemala, onde a perseguição judicial foi a ferramenta mais utilizada para impedir o trabalho dos profissionais dos media.
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