O presidente norte-americano, Joe Biden, indultou o filho em três condenações relacionadas com posse de armas e ocultação de consumo de drogas às autoridades, no domingo, argumentando que tiveram motivações políticas. Hunter Biden ecoou uma posição semelhante, tenho considerado que os seus "erros" foram "explorados" para o "humilhar publicamente". Salientou, contudo, que "nunca" dará "por garantida a clemência" que lhe foi concedida.
"Admiti e assumi a responsabilidade pelos meus erros durante os dias mais negros da minha dependência - erros que foram explorados para me humilhar e envergonhar publicamente, a mim e à minha família, por motivos políticos. Apesar de tudo isto, mantive a minha sobriedade durante mais de cinco anos graças à minha fé profunda e ao amor e apoio inabaláveis da minha família e amigos", disse, num comunicado citado pela BBC.
Hunter Biden assumiu que, devido à dependência de estupefacientes, desperdiçou "muitas oportunidades e vantagens", mas ressalvou que, "na recuperação, podemos ter a oportunidade de fazer as pazes, sempre que possível, e reconstruir as nossas vidas, se nunca tomarmos por garantida a misericórdia que nos foi concedida".
"Nunca darei por garantida a clemência que me foi concedida hoje e dedicarei a vida que reconstruí a ajudar aqueles que ainda estão doentes e a sofrer", rematou.
Joe Biden anunciou que tinha indultado Hunter Biden por considerar que "foi tratado de forma diferente" pela Justiça norte-americana por ser seu filho.
"Desde o dia em que tomei posse, disse que não interferiria na tomada de decisões do Departamento de Justiça e mantive a minha palavra, mesmo quando vi o meu filho ser seletiva e injustamente julgado. Sem fatores agravantes como o uso num crime, compras múltiplas ou a compra de uma arma por terceiros, as pessoas quase nunca são levadas a julgamento com acusações de crime apenas pela forma como preencheram um formulário de posse de arma. As pessoas que se atrasaram no pagamento dos seus impostos devido a vícios graves, mas que os pagaram posteriormente com juros e multas, são normalmente objeto de resoluções não criminais. É evidente que Hunter foi tratado de forma diferente", escreveu, num comunicado divulgado no domingo.
O chefe de Estado apontou, inclusivamente, que as acusações "só surgiram depois de vários dos [seus] adversários políticos no Congresso as terem instigado" para o atacar e se opor à sua reeleição.
"Depois, um acordo de confissão cuidadosamente negociado, aceite pelo Departamento de Justiça, foi desfeito na sala de audiências - com vários dos meus opositores políticos no Congresso a ficarem com os louros por terem exercido pressão política sobre o processo. Se o acordo se tivesse mantido, teria sido uma resolução justa e razoável dos casos de Hunter", argumentou.
Biden indicou ainda que "nenhuma pessoa sensata que analise os factos dos casos de Hunter pode chegar a outra conclusão que não seja a de que Hunter foi visado apenas por ser [seu] filho - e isso é errado".
"Tem havido um esforço para quebrar o Hunter - que está sóbrio há cinco anos e meio, mesmo perante ataques implacáveis e acusações seletivas. Ao tentarem quebrar o Hunter, tentaram quebrar-me a mim - e não há razão para acreditar que isto vai parar por aqui. Já chega", apelou.
O presidente confessou que, durante a sua carreira, considerou que "basta dizer a verdade ao povo norte-americano", uma vez que "serão justos".
"A verdade é esta: acredito na Justiça mas, à medida que me debatia com esta questão, também acreditava que a política crua tinha infetado este processo e conduzido a um erro judiciário - e, uma vez que tomei esta decisão no fim de semana, não fazia sentido adiá-la mais. Espero que os norte-americanos compreendam as razões que levaram um pai e um presidente a tomar esta decisão", disse.
Recorde-se que Hunter Biden foi considerado culpado nas três acusações que pendiam sobre si no caso de posse ilegal de armas, por ter mentido na compra da arma de fogo que motivou o processo judicial, uma vez que indicou num formulário federal que não era viciado em drogas, em 2018. Uma terceira acusação referia-se à aquisição ilegal de uma arma de fogo enquanto era viciado em estupefacientes.
Em setembro, o filho do presidente norte-americano declarou-se culpado um julgamento por não ter pagado impostos pelo menos durante quatro anos, no valor de cerca de 1,4 milhões de euros. A sentença estava marcada para o próximo dia 16 de dezembro.
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