No final das discussões no Cairo, sob a égide das autoridades egípcias, o Hamas e a Fatah aprovaram um projeto de acordo que deve ser validado por um decreto presidencial de Mahmoud Abbas, disse um membro da equipa de negociação do Hamas e outro da Autoridade Palestiniana.
De acordo com o projeto a que a Agência France Presse (AFP) teve acesso, o comité, composto por 10 a 15 personalidades não filiadas em nenhum dos dois movimentos, vai ter autoridade sobre todas as questões relacionadas com a ajuda humanitária, a educação, a saúde, a economia e a reconstrução.
O Hamas (Movimento de Resistência Islâmica) controla o enclave palestiniano desde 2007.
De acordo com as mesmas fontes, o comité vai ser também responsável pela administração da parte palestiniana da passagem de Rafah entre a Faixa de Gaza e o Egito, o único ponto de passagem do território para um país que não Israel.
A delegação da Fatah no Cairo, chefiada por Azzam al-Ahmad, membro do Comité Central do partido, deve regressar ainda hoje a Ramallah com vista a obter um acordo final de Abbas, disseram as mesmas fontes à AFP.
A delegação do Hamas era chefiada por Khalil al-Hayya, membro do gabinete político do movimento.
A guerra foi desencadeada a 07 de outubro de 2023 por um ataque sem precedentes do Hamas que provocou a morte de 1.208 pessoas do lado israelita, na maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais e incluindo os reféns mortos ou que morreram em cativeiro.
A campanha militar de retaliação de Israel na Faixa de Gaza causou pelo menos 44.466 mortos, a maioria dos quais civis, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas, considerados fiáveis pela ONU.
O anúncio do acordo surge num contexto de renovados esforços diplomáticos para pôr fim à guerra entre o Hamas e Israel.
Estes esforços, sob a égide dos Estados Unidos e em coordenação com o Qatar, o Egito e a Turquia, segundo Washington, ocorrem na sequência da entrada em vigor de uma frágil trégua no Líbano entre Israel e o Hezbollah (Partido de Deus), aliado do Hamas.
Segundo a AFP, com a passagem da administração do Presidente norte-americano Joe Biden para a de Donald Trump em janeiro, os palestinianos estão sob forte pressão dos Estados Unidos para garantir que o Hamas não desempenhe qualquer papel em Gaza quando a guerra terminar.
O movimento islamita deixou claro nos últimos meses que não quer gerir a Faixa de Gaza quando a guerra terminar.
[Notícia atualizada às 09h51]
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