"Estamos a congelar temporariamente todos os procedimentos [para pedidos de asilo de sírios] até que possamos avaliar os novos dados políticos" na Síria, após a queda do Governo do ex-presidente Bashar al-Assad, afirmou Panagiotopoulos à rádio Real FM.
"Um cidadão sírio já não pode obter asilo se alegar perseguição por parte do regime de Al-Assad quando este deixou de existir", continuou o ministro do Governo conservador do primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis.
Desde a deposição de Bashar al-Assad, muitos países europeus, começando pela Alemanha, Áustria e Suécia, que acolheram muitos sírios, anunciaram que vão congelar a análise dos atuais pedidos de asilo.
A Grécia recebeu centenas de milhares de refugiados sírios, especialmente em 2015 e 2016, vindos da Turquia. Posteriormente, a maioria destes migrantes sírios abandonaram a Grécia com destino à Alemanha, que acolhe a maior diáspora síria na Europa.
A anunciada transição democrática na Síria "deverá preparar o caminho para o regresso seguro dos refugiados sírios às suas casas", acrescentou o ministro grego, sublinhando que esta mudança vai marcar "o fim das chegadas de refugiados deste país que sofre há muito tempo".
Segundo o ministro grego, cerca de 99% dos sírios na Grécia referem a perseguição pelo poder de Bashar al-Assad como a principal e única razão para pedir asilo.
Esta suspensão temporária do processamento dos pedidos de asilo diz respeito a "cerca de um terço da população", ou seja, cerca de 9.500 requerentes de asilo sírios, que se encontram atualmente em campos na Grécia, principalmente nas ilhas do Mar Egeu e na região de Evros, na fronteira com a Turquia.
Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, mais de 58.200 migrantes chegaram às ilhas do Egeu, perto da costa turca, desde o início de 2024 e 39% destes eram sírios.
"O que está a acontecer é uma grande mudança. Não sabemos o que irá surgir amanhã: se será uma melhoria ou uma deterioração em termos de movimentos de refugiados e de estabilidade geopolítica na região", sublinhou Panagiotopoulos.
Os rebeldes sírios declararam, em 08 de dezembro, Damasco 'livre' do Presidente Bashar al-Assad, após 12 dias de uma ofensiva armada de uma coligação liderada pelo grupo islamita Organização de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham ou HTS, em árabe), juntamente com outras fações apoiadas pela Turquia, para derrubar o regime sírio.
Perante a ofensiva rebelde, Bashar al-Assad, que esteve no poder 24 anos, abandonou o país e exilou-se na Rússia.
No poder há mais de meio século na Síria, o partido Baath foi, para muitos sírios, um símbolo de repressão, iniciada em 1970 com a chegada ao poder, através de um golpe de Estado, de Hafez al-Assad, pai de Bashar, que liderou o país até morrer, em 2000.
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