Soldados e polícias, apoiados pela polícia queniana que lidera uma missão apoiada pela ONU para reprimir a violência, reforçaram a segurança na área e um voo de teste foi bem-sucedido, adiantou o governo do Haiti, em comunicado.
"A retoma dos voos comerciais marca um ponto de viragem para a economia haitiana", realçou o gabinete do primeiro-ministro.
No entanto, não houve voos nem passageiros na tarde de hoje, com a polícia fortemente armada a estabelecer postos de controlo no aeroporto e a parar os transportes públicos.
O parque de estacionamento de um aeroporto normalmente cheio com centenas de carros tinha cerca de dezenas de veículos, a maioria dos quais pertencentes a funcionários, noticiou a agência Associated Press (AP).
Um idoso haitiano deslocou-se hoje à noite ao aeroporto, para verificar quando poderia voar para fora de Porto Príncipe, mas não havia funcionários da companhia aérea em nenhum balcão. Por temer pela sua segurança, não quis prestar declarações.
O aeroporto Toussaint Louverture, em Porto Príncipe, fechou em meados de novembro depois de gangues terem aberto fogo contra um voo da Spirit Airlines que se preparava para aterrar, atingindo um comissário de bordo que sofreu ferimentos ligeiros.
Outros aviões comerciais foram atingidos nesse dia, levando a Spirit, a JetBlue e a American Airlines a cancelarem os seus voos para o Haiti.
Um dia depois, a Administração Federal de Aviação proibiu as companhias aéreas dos EUA de voar para o país das Caraíbas durante 30 dias.
O aeroporto de Porto Príncipe esteve encerrado durante quase três meses no início deste ano, depois de gangues terem lançado ataques coordenados contra importantes infraestruturas governamentais a partir do final de fevereiro. Os gangues controlam agora cerca de 85% da capital.
Um porta-voz da Spirit referiu hoje à AP que os seus voos para Porto Príncipe e Cap-Haitien, onde se situa o outro aeroporto internacional do Haiti, estão suspensos "até novo aviso".
Uma porta-voz da American Airlines disse que estão a monitorizar a situação e vão avaliar a retoma dos voos para Porto Príncipe até ao final do ano. Um porta-voz da JetBlue não respondeu a uma mensagem a solicitar comentários.
No mês passado, o único aeroporto internacional em funcionamento no Haiti foi o da cidade costeira de Cap-Haitien, no norte do país, mas viajar para lá por terra é perigoso, pois os gangues controlam as principais estradas que saem de Porto Príncipe e são conhecidos por dispararem contra transportes públicos.
Os poucos que conseguiram escapar à onda de violência dos gangues na capital, no mês passado, pagaram milhares de dólares por transporte aéreo privado à Cap-Haitien.
A violência, juntamente com as alegadas ameaças e agressões por parte da Polícia Nacional do Haiti, obrigaram os Médicos Sem Fronteiras a suspender as atividades pela primeira vez na sua história no país das Caraíbas no final de novembro.
O grupo de ajuda anunciou hoje que retomou parcialmente as atividades em Porto Príncipe. No entanto, o transporte de doentes não foi reiniciado e um dos seus hospitais continua encerrado.
Cerca de 5.000 pessoas foram mortas no Haiti este ano, incluindo mais de 100 num recente massacre numa comunidade controlada por gangues em Porto Príncipe.
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