O comandante-chefe das SDF, Mazloum Abdi, confirmou na quinta-feira que já têm "acordos com o HTS [a organização islamita Hayat Tahrir al-Sham]" relativamente às regiões de Aleppo e Deir Ezzor.
Abdi disse que o HTS garantiu que os territórios atualmente sob o controlo das SDF, o braço militar das autoridades curdas no norte e leste da Síria, "não são o seu objetivo".
Numa entrevista televisiva à televisão curda Ronahi TV, o líder militar acrescentou que as autoridades curdas sírias "estão a fazer esforços para enviar uma delegação para Damasco para algumas negociações".
A entrevista foi transmitida horas depois de a administração autónoma curda ter anunciado a adoção da bandeira da independência da Síria.
"À luz desta mudança histórica, a bandeira da independência (...) é um símbolo da nova fase, pois exprime as aspirações do povo sírio à liberdade, à dignidade e à unidade nacional", declarou a administração curda.
O governo autónomo acrescentou que "decidiu hastear a bandeira em todas as instituições oficiais (...) da administração autónoma".
Também na quinta-feira, o porta-voz para os assuntos políticos das novas autoridades disse à agência de notícias France-Presse que o governo vai "congelar a Constituição e o Parlamento" durante um período de transição de três meses.
"Vai ser formada uma comissão jurídica e de direitos humanos para examinar a Constituição e introduzir alterações", afirmou Obaida Arnaout.
A coligação de grupos rebeldes que tomou o poder na Síria no domingo nomeou um chefe de governo de transição por um período de três meses.
Em 27 de novembro, uma coligação de grupos da oposição liderados pela HTS lançou uma ofensiva e conquistou vastos territórios em dez dias, antes de entrar na cidade de Damasco, pondo fim ao regime da família al-Assad.
A atual Constituição data de 2012 e não especifica que o Islão é a religião do Estado.
As HTS que tomaram o poder na Síria no domingo nomearam chefe de governo de transição Mohammad al-Bashir que se vai manter em funções até 01 de março de 2025.
Al-Bashir era até então o líder do autodenominado "Governo de Salvação" no reduto rebelde de Idleb, no noroeste da Síria.
O "novo governo" de transição pretende instaurar "o Estado de direito" após mais de meio século de regime do clã Assad, disse Obaida Arnaout.
Todos aqueles que cometeram crimes contra o povo sírio "vão ser julgados de acordo com a lei", acrescentou.
"Respeitamos a diversidade religiosa e cultural na Síria, que se manterá tal como está", acrescentou Arnaout.
Num país de maioria muçulmana sunita, o presidente Bashar al-Assad, atualmente exilado na Rússia, era membro da minoria alauita.
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