Trump poderá redefinir política do aborto com escolhas para o seu gabinete

À medida que a administração do Presidente eleito Donald Trump começa a tomar forma, ambos os lados do debate sobre o aborto observam atentamente como as suas escolhas poderão afetar a política de direitos reprodutivos no seu segundo mandato.

Notícia

© Jabin Botsford/The Washington Post via Getty Images

Lusa
13/12/2024 15:02 ‧ há 2 horas por Lusa

Mundo

Donald Trump

As escolhas de Trump oferecem uma antevisão da forma como a sua administração poderá lidar com o aborto nos Estados Unidos, após ter mudado repetidamente a sua opinião sobre a questão durante a campanha.

 

O republicano tem tentado distanciar-se dos aliados republicanos anti-aborto, remetendo para os estados a decisão sobre as suas políticas nesta matéria, apesar de se orgulhar de ter nomeado três juízes do Supremo Tribunal que ajudaram a derrubar as protecções constitucionais para o aborto, que se mantiveram durante meio século.

O direito ao aborto nos Estados Unidos sofreu uma mudança inesperada em 2022, quando o Supremo Tribunal eliminou a proteção federal do aborto ao anular o caso Roe v. Wade, deixando as políticas de aborto e direitos reprodutivos nas mãos dos estados.

Muitos grupos de defesa dos direitos ao aborto afirmam estar cautelosos, em parte porque muitos das escolhas de Trump têm fortes opiniões anti-aborto.

"Ainda há muita coisa que não sabemos sobre como será a política", disse Mary Ruth Ziegler, professora de Direito na Faculdade de Direito da Universidade da Califórnia.

Trump anunciou que iria nomear o ativista anti-vacinas Robert F. Kennedy Jr. para liderar o Departamento de Saúde e Serviços Humanos, apontado pelas forças anti-aborto como fulcral para reduzir o direito ao aborto em todo o país.

Marty Makary, cirurgião e correspondente da estação televisiva Fox News, é a escolha de Trump para dirigir a Food and Drug Administration (FDA), que desempenha um papel fundamental no acesso a medicamentos para o aborto e contraceção, já foi acusado por grupos de defesa de partilhar informações falsas sobre o aborto.

Russell Vought, conservador, anti-aborto e um dos principais arquitetos do Projeto 2025, foi nomeado diretor do Gabinete de Gestão e Orçamento.

Entre outras ações destinadas a limitar os direitos reprodutivos, o Projeto 2025 (um programa governamental desenvolvido por grupos ultraconservadores), prevê a eliminação do acesso aos medicamentos para o aborto em todo o país, a redução do financiamento do aborto pelo programa de saúde pública Medicaid e a restrição do acesso a contracetivos, especialmente aos contracetivos reversíveis de longa duração, como os DIU.

O Dr. Mehmet Oz, a escolha de Trump para dirigir os Centros de Serviços Medicare e Medicaid, é um antigo apresentador de um programa de televisão, tem sido acusado de vender tratamentos e produtos médicos dúbios e manifestou opiniões contraditórias sobre o aborto durante a sua candidatura ao Senado em 2022.

Oz descreveu-se como "fortemente pró-vida, elogiou a decisão do Supremo Tribunal sobre a anulação de Roe v. Wade, afirmou que "a vida começa na conceção" e referiu-se ao aborto como "homicídio", mas fez também eco da abordagem de Trump sobre os direitos dos Estados, argumentando que o governo federal não deve estar envolvido nas decisões sobre o aborto.

A escolha de Trump para procuradora-geral, Pam Bondi, defendeu restrições ao aborto, incluindo um período de espera de 24 horas, enquanto procuradora-geral da Florida.

A sua nomeação está a ser celebrada pelos opositores do aborto, mas denunciada pelos grupos de defesa dos direitos do aborto, preocupados com a possibilidade de Bondi recuperar a Lei Comstock, uma lei anti-vício aprovada pelo Congresso em 1873 que, entre outras coisas, proíbe o envio de medicamentos ou instrumentos utilizados no aborto.

David Weldon, ex-congressista da Florida, anti-aborto e anti-vacinas, foi escolhido para dirigir o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC), que recolhe e monitoriza dados sobre o aborto em todo o país.

O ex-congressista republicano Doug Collins é a escolha de Trump para dirigir o Departamento de Assuntos dos Veteranos e tem votado consistentemente para restringir o financiamento e o acesso ao aborto.

Leia Também: Rússia saúda críticas de Trump a uso por Kyiv de mísseis dos EUA

Partilhe a notícia

Produto do ano 2024

Descarregue a nossa App gratuita

Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas