"Meloni confirmou o empenho do Governo italiano em apoiar a manutenção do cessar-fogo no Líbano, recordando também o papel fundamental desempenhado por Itália" através da missão de paz das Nações Unidas (FINUL), para a qual o país é o maior contribuinte em termos de número de efetivos militares, indicou o seu gabinete num comunicado.
Ao receber o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, em visita oficial a Itália, Meloni também referiu a necessidade de apoiar o comando da Comissão Técnico-Militar para o Líbano, cuja missão é "coordenar o apoio internacional às Forças Armadas libanesas", lê-se na mesma nota.
Meloni e Mikati debateram também a atual situação na Síria e sublinharam "a necessidade de preservar a unidade e integridade territorial" do país, bem como "a importância de assegurar a inclusão e a proteção das minorias".
Os dois chefes de Governo debateram igualmente "a urgência de criar as condições para um retorno dos refugiados que seja voluntário, seguro, digno e sustentável".
Esta semana, após a queda do regime do Presidente Bashar al-Assad na Síria, o Governo italiano congelou o processo de pedido de asilo para os requerentes de proteção internacional sírios em Itália.
Na sua conta da rede social X (antigo Twitter), Mikati afirmou estar a fazer "tudo o que é possível", a partir do seu Governo no Líbano, "para gerir os assuntos do Estado e cooperar com todas as instituições internacionais".
No entanto, indicou que "o que é necessário [na Síria] é que um novo Presidente da República seja eleito, para que se completem as instituições constitucionais".
"Todos os olhos estão postos na sessão de 09 de janeiro [do Conselho de Segurança da ONU, à porta fechada], na esperança de que esta conduza à eleição de um Presidente e à formação de um novo Governo", acrescentou Mikati.
Diversos países europeus, como a Suécia, a Noruega, a Suíça, a Dinamarca e o Reino Unido, suspenderam a análise de pedidos de asilo de cidadãos sírios, na sequência da queda do regime do Presidente sírio Bashar al-Assad, por não ser possível, neste momento, avaliar a sua necessidade de proteção internacional.
Lançada a 27 de novembro na Síria, e perante a retirada do Exército, apoiado pela Rússia e pelo Irão, uma ofensiva relâmpago derrubou em 12 dias o regime de Al-Assad, há 24 anos no poder na Síria, obrigando-o a abandonar o país com a família a 08 de dezembro e a pedir asilo político na Rússia.
A ofensiva, que na realidade eram duas combinadas -- "Dissuadir a Agressão", lançada pela Organização Islâmica de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham, HTS, em árabe) que inclui o antigo ramo sírio da Al-Qaida, e "Amanhecer da Liberdade", liderada pelos rebeldes sírios - foi a primeira em grande escala, quebrando o impasse de uma guerra civil iniciada em 2011, que matou mais de 300.000 pessoas e fez sair do país quase seis milhões de refugiados e que, formalmente, nunca terminou.
Os Presidentes turco e russo, Recep Tayyip Erdogan e Vladimir Putin, respetivamente, acordaram, em 2020, um cessar-fogo, após meses de combates em Idlib.
O reacendimento do conflito fez-se com esta ofensiva que partiu da cidade de Idlib, um bastião da oposição, em que os rebeldes conseguiram expulsar em poucos dias o Exército de Bashar al-Assad, apoiado pela Rússia e pelo Irão, das capitais provinciais de Alepo, Hama e Homs, abrindo caminho para Damasco, a capital do país, e pondo fim ao regime do clã Assad, iniciado em 1971, ano em que o pai de Bashar, Hafez al-Assad, tomou o poder através de um golpe de Estado.
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