O presidente da Rússia, Vladimir, Putin, fez, esta quinta-feira, um balanço do ano, como já é habitual.
Entre a inflação causada pela guerra e outros temas relacionados que estão em cima da mesa - com questões vindas não só de jornalistas, como também de uma linha telefónica criada para tal -, Putin mostrou-se positivo em relação à ofensiva que leva a cabo em território ucraniano.
"A situação está a mudar radicalmente. Estamos a avançar ao longo de toda a linha da frente todos os dias", garantiu o presidente, afirmando que as forças russas estão a capturar "quilómetros quadrados" de território ucraniano todos os dias.
"Estamos a avançar para a concretização dos principais objectivos que delineámos no início da operação militar especial", afirmou.
Ainda quanto a este tema, o líder do Kremlin disse que as tropas russas estão a expulsar "heroicamente" as forças ucranianas de Kursk.
Expulsar... Mas quando?
O presidente russo admitiu, no entanto, não saber quando é que o exército conseguirá expulsar as forças ucranianas da região russa de Kursk, parte da qual ainda está ocupada após uma ofensiva surpresa em agosto.
"Vamos absolutamente derrotá-los", afirmou Putin, acrescentando: "Mas quanto à questão de uma data exata, lamento, mas não posso dizer neste momento".
Após o tema ser colocado em cima da mesa, Putin a linha telefónica instalada recebeu uma chamada de um residente de Kursk, que questionou Putin acerca dos estragos que estão a ser feitos na região. "Tudo vai ser reconstruído. Não há dúvidas", garantiu Putin.
As forças ucranianas, que enfrentam a invasão russa desde fevereiro de 2022, contra-atacaram em agosto e invadiram a região russa de Kursk, junto à fronteira, mantendo ainda o controlo sobre para da região.
A Rússia tem desde então tentado expulsar o exército ucraniano do seu território, mas ainda não o conseguiu fazer, apesar de ter recebido a ajuda de soldados enviados pela Coreia do Norte nos últimos meses.
Putin "ainda não viu" Bashar al-Assad. E Trump? "A qualquer momento"
A conferência de imprensa de hoje serviu também para falar sobre outras guerras que não as da Ucrânia - nomeadamente aquela que fez o regime de Bashar al-Assad cair na Síria, ainda este mês. Note-se que o presidente sírio seguiu para Moscovo. Putin recusou ainda que esta queda fosse uma derrota para a Rússia, dado que os dois países são aliados.
"As pessoas estão a tentar apresentar o que aconteceu na Síria como uma derrota para a Rússia. Asseguro-vos que não é esse o caso", declarou, explicando que o exército russo, destacado na Síria desde 2015, atingiu os objetivos no país onde mantém uma base naval e uma base aérea.
"Fomos para a Síria há cerca de 10 anos para impedir a criação de um enclave terrorista, como no Afeganistão. De um modo geral, atingimos o nosso objetivo", argumentou.
Putin disse hoje que ainda não viu Bashar al-Assad, mas que tenciona falar com o ex-presidente.
"Ainda não vi o Presidente Assad desde a sua chegada a Moscovo, mas tenciono fazê-lo. Vou certamente falar com ele", afirmou, em resposta a uma pergunta de um jornalista norte-americano.
O presidente-eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, também foi tema de conversa em Moscovo, onde Putin disse que "não sabia" quando o ia ver. O líder russo garantiu, no entanto, que "não fala com ele há mais de quatro anos", mas que está pronto para o fazer "a qualquer momento".
"E também estarei pronto para me encontrar com ele [Donald Trump], se ele quiser", acrescentou.
E os Estados Unidos?
Putin desafiou ainda os Estados Unidos para uma espécie de duelo em Kyiv entre o novo armamento hipersónico russo e os sistemas de defesa antimíssil ocidentais.
"Que escolham qualquer instalação para atacarmos, digamos, em Kyiv. Que concentrem aí todos os seus sistemas antiaéreos e antimísseis. E nós atacaremos com [um míssil] Oreshnik", afirmou.
O atentado em Moscovo
O líde russo classificou hoje como uma "falha grave" dos serviços de segurança o assassinato, esta semana em Moscovo, do tenente-general Igor Kirillov, chefe da defesa radiológica, química e biológica da Rússia. O suspeito foi detido.
"O assassinato de Kirillov significa que as nossas forças da ordem e os nossos serviços especiais deixaram passar este tipo de ataques", afirmou, reconhecendo: "Temos de melhorar o nosso trabalho e evitar falhas tão graves".
[Notícia atualizada às 13h15]
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