Veredicto de jihadistas que assassinaram professor francês conhecido sexta-feira

O julgamento dos envolvidos na morte do professor Samuel Paty, assassinado por um 'jihadista' em 2020, terminou hoje num tribunal de primeira instância em Paris, aguardando-se que o veredicto seja conhecido na noite de sexta-feira.

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Lusa
19/12/2024 16:45 ‧ há 2 horas por Lusa

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Samuel Paty

A 16 de outubro de 2020, o professor de história e geografia de 47 anos foi esfaqueado e depois decapitado perto de uma escola secundária em Conflans-Sainte-Honorine, a noroeste de Paris, onde lecionava. O seu assassino, Abdoullakh Anzorov, um russo de 18 anos de origem chechena, foi morto pela polícia pouco depois.

 

Desde 04 de novembro que oito pessoas, com diferentes graus de envolvimento no crime, estão a comparecer em tribunal.

Antes da sua morte, Samuel Paty tinha sido alvo de uma intensa campanha de assédio cibernético, que começou quando um estudante o acusou falsamente de discriminar os muçulmanos.

"Todo o meu ser rejeita o terrorismo", declarou o pregador islamista Abdelhakim Sefrioui, de 65 anos, um veterano do ativismo islamista que, juntamente com o seu coarguido Brahim Chnina, um marroquino de 52 anos, esteve por trás da 'campanha de ódio' contra Samuel Paty.

"Não tive nada a ver com este crime, que é indigno de toda a humanidade", continuou o pregador, que não hesitara em qualificar Samuel Paty de 'bandido' num vídeo publicado a 11 de outubro de 2020, cinco dias antes de o professor ser assassinado por Anzorov.

Abdelhakim Sefrioui é acusado de associação terroristas, uma infração punível com penas até 30 anos de prisão.

Nas alegações finais, na segunda-feira, o Ministério Público pediu uma pena de 12 anos de prisão com um período de segurança de dois terços.

"Peço desculpa, peço desculpa, peço desculpa", repetiu Brahim Chnina, que também está a ser julgado por conspiração para cometer terrorismo.

O Ministério Público pediu uma pena de 10 anos de prisão, com um período de segurança de dois terços, bem como a proibição de entrar em território francês.

"Não sou um terrorista. Odeio os terroristas. Odeio-os... A minha vida é ajudar", disse o homem que primeiro publicou mensagens nas redes sociais e fez o primeiro vídeo a criticar Samuel Paty.

Brahim Chnina é o pai da aluna que mentiu quando acusou falsamente o professor de discriminar os alunos muçulmanos da sua turma durante uma aula sobre liberdade de expressão, em que mostrou uma caricatura de Maomé.

Na realidade, a aluna não tinha assistido à aula e o professor não tinha discriminado nenhum dos seus alunos.

A defesa de Sefrioui e de Chnina alegou que nenhum deles se tinha encontrado com Abdullakh Anzorov.

Os dois únicos arguidos acusados de cumplicidade, crime punível com pena de prisão perpétua, Naïm Boudaoud, 22 anos, e Azim Epsirkhanov, 23 anos, reafirmaram a sua inocência, afirmando que nada sabiam das intenções letais de Anzorov.

"Anzorov levou a verdade com ele", disse Epsirkhanov, um jovem russo de origem chechena, numa voz quase inaudível, como a do assassino do professor Paty. "Em nenhuma circunstância estivemos envolvidos em nada", disse.

"Há quatro anos que enfrento uma montanha que me impede de ver o horizonte. Uma montanha de desespero", disse Naïm Boudaoud.

"O meu sofrimento não tem nada a ver com o da família de Samuel Paty. Nunca quis fazer mal a ninguém. Sou incapaz de ajudar alguém a fazer mal", acrescentou.

Naïm Boudaoud e Azim Epsirkhanov são acusados de terem ajudado Anzorov a obter armas na véspera do atentado e, no caso de Boudaoud, de o terem acompanhado à escola de Conflans-Sainte-Honorine, onde Samuel Paty trabalhava, a 16 de outubro de 2020.

Durante a audiência, o Ministério Público pediu que a infração de que eram acusados fosse reclassificada como conspiração criminosa terrorista, e pediu 14 e 16 anos de prisão, respetivamente, para Boudaoud e Epsirkhanov.

Para grande desagrado das partes civis, o Ministério Público pediu a desclassificação das acusações contra metade dos arguidos. O Ministério Público pediu penas que variavam entre 18 meses de prisão suspensa e 16 anos de prisão.

Após as "últimas palavras" dos arguidos, o tribunal, presidido por Franck Zientara, retirou-se para deliberar. Terá de responder a 17 questões e 22 outras subsidiárias relativas à culpabilidade ou não culpabilidade dos arguidos.

"A deliberação vai demorar um pouco", anunciou Franck Zientara, acrescentando que o veredicto poderá ser anunciado na sexta-feira a partir das 20:00 locais (19:00 em Lisboa).

Leia Também: Defesa pede absolvição de envolvidos na morte de professor francês em 2020

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