Salvini absolvido de caso de fecho de portos a migrantes em Itália

Matteo Salvini estava acusado dos crimes de sequestro e abuso de poder.

Notícia

© Igor Petyx/Reuters

Notícias ao Minuto
20/12/2024 19:03 ‧ há 3 horas por Notícias ao Minuto

Mundo

Itália

O vice-primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini, foi absolvido, esta sexta-feira, no caso em que era acusado dos crimes de sequestro e abuso de poder por, em 2019, ter impedido o desembarque de 147 migrantes resgatados por um navio humanitário.

 

A acusação pedia uma pena de seis anos de prisão.

De acordo com os três magistrados do tribunal de primeira instância de Palermo que julgaram este processo, e que esta sexta-feira estiveram reunidos para deliberações durante cerca de oito horas, não ficaram provados os crimes de que Salvini era acusado, designadamente os delitos de sequestro de pessoas e omissão de atos oficiais.

Quando foi lida a sentença a absolvê-lo, escutaram-se muitos aplausos da parte de apoiantes do líder da Liga que estavam presentes na sala de audiências.

"Estou feliz. Ao fim de três anos [de processo judicial], a Liga ganhou, a Itália ganhou. Defender a Pátria não é um crime, mas um direito. Irei em frente ainda mais determinado do que antes", congratulou-se Salvini após a leitura da sentença, que, na sua opinião, "não absolve apenas Salvini, mas uma ideia de país".

Antes de entrar na sala de audiências, Salvini afirmou que tinha cumprido as suas "promessas" na "luta contra a imigração em massa".

"Reduzindo as partidas, os desembarques e as mortes no mar. Seja qual for a sentença, para mim hoje é um bom dia porque estou orgulhoso de ter defendido o meu país. Faria tudo de novo", afirmou Salvini.

No início da audiência desta sexta-feira, a procuradora-adjunta Marzia Sabella recordou que os migrantes "não tinham o direito de desembarcar em Itália por estarem doentes, mas por serem homens livres".

O governante italiano também já tinha deixado claro que não se demitia em caso de condenação.

"No julgamento de sexta-feira, três juízes, que espero que não sejam militantes do partido, terão de decidir de acordo com as regras. Uma pena de um mês significaria uma pena para Itália. Demissão? Absolutamente não, claro que não", sublinhou, há uns dias, o vice-primeiro-ministro de Itália.

O veredicto era aguardado com muita expectativa em Itália e particular ansiedade no partido liderado por Salvini, a Liga, com vários responsáveis desta formação partidária de extrema-direita - que integra a coligação governamental atualmente no poder - a intensificarem nos últimos dias os ataques ao poder judicial, que acusam de estar "politizado", e a advertirem que o partido "está preparado a mobilizar-se" em caso de condenação do seu líder.

Da "dor" à "grande satisfação". As reações

A primeira-ministra Giorgia Meloni, líder do partido pós-fascista Irmãos de Itália, que encabeça a coligação governamental, já reagiu ao veredicto, manifestando "grande satisfação pela absolvição do vice-primeiro-ministro e ministro Matteo Salvini", que, segundo a chefe de Governo, "mostra quão infundadas e surreais eram as acusações feitas contra ele".

Já o diretor da ONG Open Arms, Oscar Camps, lamentou a absolvição de Salvini, comentando que "a dor é sobretudo para as pessoas que foram privadas da sua liberdade", e disse que a organização aguardará agora "pelas motivações dos juízes" para avaliar se recorrerá da sentença, acrescentando que espera o mesmo do Ministério Público.

Os factos remontam a 2019, quando o atual vice-primeiro-ministro e ministro dos Transportes era ministro do Interior, no primeiro governo de Giuseppe Conte (Movimento 5 Estrelas), que durou pouco mais de um ano, tendo a sua curta era enquanto responsável pela pasta dos Assuntos Internos ficado marcada por uma política de fortes restrições em relação à imigração, que incluiu o encerramento dos portos italianos aos navios de organizações não-governamentais (ONG) que resgatam náufragos no Mediterrâneo.

Desde 2023 que as diversas ONG que operam no Mediterrâneo denunciam o que classificam como "uma política de guerra" que lhes é dirigida pelo atual Governo italiano, em funções desde finais de 2022, que acusam de restringir o acesso humanitário no Mediterrâneo Central, considerada a rota migratória mais perigosa do mundo.

Na semana passada, a organização Médicos Sem Fronteiras anunciou a suspensão das operações do seu navio humanitário "Geo Barents" no Mediterrâneo Central devido às "leis absurdas" do Governo italiano liderado por Meloni, que dificultam as operações de salvamento por parte das ONG no Mediterrâneo, ao impor medidas como a obrigatoriedade de os navios desembarcarem os migrantes somente nos portos determinados pelas autoridades e a impossibilidade de procederem a mais de uma operação de salvamento, prevendo ainda o bloqueio dos navios que desrespeitem as regras, algo que já sucedeu por diversas vezes com a embarcação "Geo Barents".

[Notícia atualizada às 19h41]

Leia Também: Salvini conhece sexta-feira sentença por fechar portos a migrantes

Partilhe a notícia

Produto do ano 2024

Descarregue a nossa App gratuita

Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas