A 25 de dezembro, dia de Natal, foram detetadas falhas no cabo elétrico submarino Estlink 2, entre a Finlândia e a Estónia, e em quatro cabos de telecomunicações que ligam os dois países à Alemanha. As primeiras investigações apontaram que o responsável seria o petroleiro Eagle S, registado nas Ilhas Cook e suspeito de pertencer à chamada frota-fantasma russa, utilizada por Moscovo para contornar as restrições impostas pelas potências ocidentais às suas exportações de petróleo. Entretanto, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) anunciou, esta sexta-feira, que reforçará a presença militar no Mar Báltico. Mas, afinal, o que se sabe?
"A NATO vai reforçar a sua presença militar no Mar Báltico", escreveu o secretário-geral da Aliança Atlântica, Mark Rutte, na rede social X (Twitter), dando conta de que falou com o presidente finlandês, Alex Stubb, "sobre a investigação em curso liderada pela Finlândia sobre a possível sabotagem de cabos submarinos".
Já na quinta-feira, o secretário-geral da Aliança Atlântica condenou aquela que disse ser a "possível sabotagem de cabos submarinos no Mar Báltico", demonstrando apoio a Talin e Helsínquia.
Ontem, o primeiro-ministro da Estónia, Kristen Michal, tinha garantido que consultaria Mark Rutte sobre o aumento da presença da aliança militar no Mar Báltico, após o ministro do Interior, Lauri Laanemets, ter classificado como "um ataque" os danos causados aos cabos submarinos.
"É um ataque às nossas infraestruturas críticas", reiterou o ministro, que sublinhou ainda ser o terceiro incidente do género num ano e, por isso, "é difícil entender que se trata de um acidente aleatório".
"Os danos frequentes causados às infraestruturas vitais do Mar Báltico não podem ser acidentais ou aleatórios. Tornaram-se sistemáticos e devemos considerá-los como um ataque contra as nossas infraestruturas", adiantou.
Por seu turno, o presidente finlandês considerou, esta sexta-feira, que ainda é muito cedo para determinar a razão da rutura de cinco cabos submarinos no Golfo da Finlândia na quarta-feira, mas ressalvou que o petroleiro Eagle S foi o responsável.
"Ainda é muito cedo para tirar conclusões sobre a razão do sucedido, mas sabemos quem foi o responsável", disse Alexander Stubb, numa conferência de imprensa, após uma reunião com o comité de ministros dos Negócios Estrangeiros e da Segurança, para discutir o assunto.
O presidente do Conselho Europeu, António Costa, também condenou a "destruição deliberada" no Mar Báltico, prometendo ação na União Europeia (UE) contra a frota-fantasma russa.
"Condeno veementemente qualquer destruição deliberada das infraestruturas críticas da Europa. Tenciono trabalhar no sentido de reforçar a resposta e a preparação comuns da UE, incluindo o combate à frota-fantasma da Rússia", escreveu o responsável, numa publicação no X.
O antigo primeiro-ministro disse estar já em contacto com os primeiros-ministros da Estónia e da Finlândia, Petteri Orpo, "para acompanhar os desenvolvimentos relacionados com o incidente com o cabo [submarino] do Mar Báltico".
Já a União Europeia (UE) denunciou "a destruição deliberada de infraestruturas" dos países do bloco comunitário. Num comunicado conjunto, a Comissão Europeia e a alta-representante para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Kaja Kallas, condenaram "veementemente a destruição deliberada de infraestruturas da UE".
Saliente-se que a polícia finlandesa abriu um inquérito por "sabotagem agravada", adiantou Robin Lardot, do Serviço Nacional de Investigação, sobre o incidente que ocorreu pouco mais de um mês após a rutura de dois cabos de telecomunicações em águas territoriais suecas no Mar Báltico.
O navio foi intercetado e encontra-se atualmente ao largo da costa de Porkkala, a cerca de 30 quilómetros de Helsínquia, após a intervenção de um barco-patrulha finlandês.
Segundo o Ocidente, a chamada frota-fantasma russa é constituída por navios que transportam petróleo russo e contornam as sanções impostas a Moscovo na sequência da guerra contra a Ucrânia. Estes navios-tanque que transportam petróleo russo são uma importante fonte de financiamento para a Rússia continuar a sua guerra na Ucrânia, iniciada com a invasão do país em fevereiro de 2022. Desde então, foram já vários os incidentes ocorridos no Mar Báltico.
Recorde-se que os gasodutos Nord Stream, que outrora transportavam gás natural da Rússia para a Alemanha, foram danificados por explosões submarinas em setembro de 2022. As autoridades consideraram que se tratou de sabotagem e abriram um inquérito criminal.
Leia Também: Cabos? "Cedo para tirar conclusões sobre a razão, mas sabemos quem foi"