Embaixada síria em Beirute suspende serviços após suspeitas de passaportes falsos

A embaixada da Síria no Líbano suspendeu hoje os serviços consulares, um dia depois de dois familiares do Presidente sírio deposto, Bashar al-Assad, terem sido detidos no aeroporto de Beirute com passaportes alegadamente falsos.

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© Houssam Shbaro/Anadolu via Getty Images

Lusa
28/12/2024 22:14 ‧ há 16 horas por Lusa

Mundo

Síria

Também hoje, as autoridades libanesas entregaram dezenas de sírios, incluindo antigos oficiais do exército leal a al-Assad, às novas autoridades sírias, depois de terem sido detetados a entrar ilegalmente no Líbano, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, sediado no Reino Unido.

 

A embaixada da Síria anunciou na sua página na rede social Facebook que o trabalho consular foi suspenso "até novo aviso", mas não especificou o motivo desta pausa.

Dois responsáveis de segurança libaneses, que falaram sob condição de anonimato à agência Associated Press (AP) por não estarem autorizados a falar publicamente, disseram que a suspensão foi ordenada porque se acredita que os passaportes pertencentes a familiares de Bashar al-Assad - a mulher e a filha de um dos seus primos - tenham sido falsificados.

Rifaat al-Assad, tio do ex-presidente sírio e que foi acusado na Suíça por crimes de guerra e crimes contra a humanidade, voou no dia anterior com o seu passaporte verdadeiro e não foi detido, segundo as autoridades.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, que mantém uma vasta rede de colaboradores na Síria, informou hoje que 70 sírios, incluindo antigos oficiais do exército, foram entregues por uma delegação de segurança libanesa às forças do novo Governo de transição, liderado pela Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham, ou HTS).

Os países regionais têm sido rápidos a estabelecer laços com os novos governantes da Síria e delegações de autoridades da Líbia e do Bahrein chegaram hoje a Damasco, em visitas oficiais, no seguimento de uma semana de alta atividade diplomática na capital síria.

Num sinal da normalidade que o líder do HTS, Ahmad al-Charaa, anteriormente conhecido como Abu Mohammed al-Jolani, tenta transmitir dentro e fora da Síria, as autoridades jordanas indicaram hoje que 22.215 sírios abandonaram a Jordânia através de um país terceiro desde 06 de dezembro último.

Nessa data, o Reino Hachemita da Jordânia (a designação oficial) fechou a passagem fronteiriça de Jaber, que faz ligação com a Síria, devido às "condições de insegurança" no país, então mergulhado numa ofensiva rebelde que dois dias depois derrubou o regime de Bashar al-Assad.

O Governo jordano anunciou entretanto, em 18 de dezembro, a abertura da fronteira de Jaber à entrada apenas de camiões de mercadorias em território sírio.

O diretor de Imigração jordano, Bassem al-Dahamsha observou hoje que "o número de refugiados sírios que deixaram a Jordânia (...) é de 3.106 pessoas, incluindo 252 pessoas dos campos de refugiados".

A Turquia, por seu lado, que acolheu quase três milhões de refugiados sírios desde o início da guerra civil naquele país, em 2011, revelou que 31 mil já regressaram ao seu país desde a queda do regime.

A Turquia apoiou a coligação de grupos rebeldes que, em 12 dias apenas, depôs o regime autoritário de cinco décadas de Bashar al-Assad, antecedido no poder pelo seu pai, Hafez.

Um novo governo de transição está agora à frente da Síria, um país devastado por uma sangrenta guerra civil e onde cerca de 90% da população vive abaixo da linha de pobreza.

Leia Também: Líbano fecha todas as fronteiras terrestres com a Síria com excepção de uma

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