Israel nega ter ordenado evacuação do único hospital no norte de Gaza

O Exército israelita negou hoje que as suas tropas tenham ordenado a evacuação do único hospital em funcionamento no norte da Faixa de Gaza e que o tenha atacado, contrariando a versão dos funcionários.

Notícia

© OMAR AL-QATTAA/AFP via Getty Images

Lusa
03/01/2025 19:06 ‧ ontem por Lusa

Mundo

Médio Oriente

"Após relatos de evacuação do hospital, foram enviadas mensagens para reiterar aos funcionários das autoridades de saúde que não há necessidade de evacuar o hospital", escreveu Nadav Shosani, porta-voz do Exército israelita, na rede X.

 

O pessoal de saúde do hospital Indonésio, o único que continua a funcionar no norte sitiado da Faixa de Gaza, afirmara previamente que o Exército israelita ordenou a sua evacuação.

"Restam cerca de 15 pessoas no hospital, principalmente doentes retirados de [hospital] Kamal Adwan e funcionários", lamentou um dos médicos, Arawya Tamboura.

Depois do ataque israelita à outra unidade do norte do enclave, Kamal Adwan, no passado fim de semana, grande parte dos doentes foi transferida para o hospital indonésio, que continuou a funcionar apesar dos enormes danos devido às constantes ofensivas militares.

"O hospital está gravemente danificado e não tem fornecimentos e as fundações do edifício foram danificadas por uma escavadora no ataque anterior ao hospital indonésio, há algumas semanas, em dezembro", descreveu Tamboura.

Segundo o médico, as tropas israelitas deram ordem de evacuação através de um altifalante numa mensagem em que exigiam que o médico Iyas Abu Dakkah abandonasse o hospital "e deixasse os doentes".

A equipa clínica decidiu ficar com os seus pacientes, confirmou o médico.

Hoje, as forças israelitas destruíram instalações de oxigénio e de eletricidade, informou a agência oficial palestiniana de notícias Wafa.

"Os danos no hospital exigirão pelo menos dois meses de grandes reparações no edifício e nas instalações médicas, como água, eletricidade e oxigénio, para permitir que funcione a níveis mínimos", de acordo com o médico.

O grupo islamita palestiniano Hamas, que governa a Faixa de Gaza, afirmou hoje que a destruição de hospitais e centros de saúde "e a persistência dos crimes de assassínio, prisão e abusos de pessoal médico e do sistema de ambulâncias constituem um crime de guerra".

Estes crimes, acusou ainda o Hamas, "não teriam ocorrido se não fosse o silêncio internacional".

Ao mesmo tempo, o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, revelou hoje perante o Conselho de Segurança das Nações Unidas que o Exército israelita bombardeou 27 hospitais e 12 centros médicos na Faixa de Gaza, alguns deles até seis vezes.

O Conselho de Segurança da ONU reuniu-se hoje de emergência, a pedido da presidência mensal argelina do órgão, para discutir os ataques israelitas às infraestruturas médicas na Faixa de Gaza, durante o conflito que perdura há quase 15 meses.

Segundo o Ministério da Saúde do enclave, controlado pelo Hamas, estes ataques custaram a vida a 1.050 profissionais clínicos, todos eles "civis que desempenham uma função crítica em tempo de guerra", salientou Volker Turk, lamentando os crescentes obstáculos que Israel coloca.

Turk lembrou que no direito internacional é obrigatório distinguir entre alvos civis e militares, sendo que "o uso de artilharia pesada contra os hospitais é difícil de conciliar com este princípio".

Israel tem levado a cabo uma dura ofensiva de "terra queimada" em todo o norte da Faixa de Gaza há quase 90 dias, que causou mais de 3.000 mortos, milhares de desaparecidos e uma enorme destruição em toda a região.

A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada por um ataque do Hamas em solo israelita em 07 de outubro de 2023, que provocou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.

Em retaliação, Israel lançou uma operação em grande escala no enclave palestiniano, que matou acima de 45 mil habitantes, segundo as autoridades locais, e deixou o território destruído, a quase totalidade da população deslocada e mergulhada numa grave crise humanitária.

O Tribunal Penal Internacional emitiu em novembro passado mandados de captura contra o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, o antigo ministro da Defesa da Israel Yoav Gallant, e o líder do Hamas, Mohammed Deif, que as forças de Israel dizem estar morto.

Em causa estão as ações israelitas realizadas na Faixa de Gaza e os ataques do Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel.

Leia Também: Hamas anuncia retomada de negociações para cessar-fogo em Gaza

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas