Podemos vê com "surpresa" reação de assessor de Venâncio em Moçambique

O partido moçambicano Podemos reagiu este sábado com "surpresa" às declarações do assessor do candidato presidencial Venâncio Mondlane, que classificou a tomada de posse dos seus deputados como traição, e garantiu que a força política está a auscultar a população.

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Lusa
04/01/2025 14:28 ‧ há 2 dias por Lusa

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Moçambique

"O partido Podemos não se revê neste posicionamento. O Dinis Tivane é da comissão técnica do processo eleitoral, de ambas as partes, tanto do partido Podemos, assim como do candidato Venâncio Mondlane, no âmbito do acordo que existe entre estas duas partes", disse à Lusa o porta-voz do partido Duclésio Chico.

 

Dinis Tivane, assessor de Venâncio Mondlane, candidato presidencial que não reconhece os resultados das eleições gerais moçambicanas de 09 de outubro, afirmou na sexta-feira, num vídeo colocado na sua rede social Facebook, que a tomada de posse dos deputados do partido, apoiante da corrida de Venâncio Mondlane à Presidência, seria uma "traição", e defendeu a rejeição dos resultados promulgados pelo Conselho Constitucional (CC).

"A tomada de posse do partido Podemos seria, sim, uma traição, porque o povo está a fazer uma luta, está nas ruas. Mais do que isso é o facto de o partido Podemos, na nossa contagem paralela, ter 138 assentos. Qual é razão de o partido correr para tomar posse de 43 assentos, quando o partido merece 138?", declarou Dinis Tivane.

"Sobre a tomada de posse, o partido Podemos está em diversas reuniões e encontros para avaliar a opinião da população, como é que vamos fazer isso. Mas a breve trecho, na próxima semana, viremos a público informar", afirmou o porta-voz do partido.

O representante negou qualquer afastamento entre a formação política e o candidato presidencial que apoiou nas eleições de outubro: "Nós continuamos com o candidato Venâncio Mondlane. O partido Podemos ainda está com o candidato Venâncio Mondlane", afirmou ainda Duclésio Chico, garantindo que os contactos entre o candidato e o presidente do partido, Albino Forquilha, "são recorrentes".

O partido até agora extraparlamentar Povo Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), registado em maio de 2019 e composto por dissidentes da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), viu a sua popularidade aumentar desde o anunciou, em 21 de agosto, do apoio à candidatura de Mondlane nas presidenciais, em resultado de um "acordo político", pouco tempo depois de Mondlane ter a sua coligação (CAD) rejeitada pelo Conselho Constitucional por "irregularidades".

"Com o acordo político, foi o Podemos que, politicamente, foi apoiado e promovido", frisou, na sexta-feira, Dinis Tivane, que defende ainda que, à luz da lei, o partido não vai perder os seus mandatos caso não participe na "investidura simbólica" prevista para 13 de janeiro.

O Podemos é fruto de uma dissidência de antigos membros da Frelimo, que pediam mais "inclusão económica" e abandonaram o partido no poder, na altura, alegando "desencanto" e diferentes ambições.

Os resultados promulgados pelo CC no dia 23 apontam o Podemos como maior partido de oposição em Moçambique no próximo parlamento, tirando um estatuto que era da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) desde as primeiras eleições multipartidárias, em 1994.

Dos 250 assentos que compõem a Assembleia da República, a Renamo passou de 60 deputados, que obteve nas legislativas de 2019, para 28 parlamentares.

A Frelimo, no poder desde a independência, manteve-se com uma maioria parlamentar, com 171 deputados.

Nas presidenciais, o CC, última instância de recurso em contenciosos eleitorais, proclamou Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frelimo, como vencedor, com 65,17% dos votos. Foi também declarada a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar, nas eleições gerais de 09 de outubro.

A eleição de Chapo como sucessor de Filipe Nyusi é, contudo, contestada nas ruas e o anúncio do CC aumentou o caos que o país vive desde outubro, com manifestantes pró-Mondlane -- candidato que, segundo o Conselho Constitucional, obteve apenas 24% dos votos, mas reclama vitória -- em protestos a exigirem a "reposição da verdade eleitoral", com barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia. A força de segurança tem vindo a realizar disparos para tentar a desmobilização.

Confrontos entre a polícia os manifestantes já provocaram quase 300 mortos e mais de 500 pessoas feridas a tiro, segundo organizações da sociedade civil que acompanham o processo.

Leia Também: Mais de 40% das infraestruturas da polícia destruídas em Maputo

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