Berlim defende pragmatismo após recusa de aperto de mão à sua ministra

O Governo alemão defendeu hoje uma abordagem pragmática da transição na Síria, após a recusa do novo homem forte de Damasco de apertar a mão à ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, Annalena Baerbock, na sexta-feira.

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© Jörg Blank/picture alliance via Getty Images

Lusa
06/01/2025 16:52 ‧ ontem por Lusa

Mundo

Síria

As imagens de Ahmad al-Charaa a receber a chefe da diplomacia alemã sem contacto físico circularam nas redes sociais.

 

Como é habitual para alguns muçulmanos rígidos, o líder islamita cumprimentou Annalena Baerbock colocando a mão no peito, depois de ter agarrado com a ponta dos dedos a mão do homólogo francês, Jean-Noël Barrot.

Tal gesto teve especial eco num contexto em que Baerbock se deslocou a Damasco para defender os direitos das mulheres.

"Isto mostra com quem estamos a lidar neste momento", reagiu um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão, Christian Wagner, hoje questionado durante uma conferência de imprensa regular.

"Mas não podemos falar apenas com pessoas, à escala mundial, cujos valores e pontos de vista partilhamos inteiramente", sustentou, contudo.

Embora se coloquem agora "muitas questões sobre a direção" que Damasco vai tomar, prosseguiu, "é do interesse da Alemanha e da Europa acompanhar o processo" de transição na Síria e "expressar claramente as nossas expectativas".

A própria Annalena Baerbock reagiu brevemente ao episódio na sexta-feira, explicando aos jornalistas: "Assim que cheguei, compreendi que não haveria um aperto de mão normal, mas era igualmente claro que não só eu, mas também o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, não estávamos de acordo com essa opinião".

Por seu lado, o ministro francês sublinhou no domingo que teria "preferido" que o novo líder sírio tivesse aceitado apertar a mão à sua homóloga alemã, embora considerando que não era esse "o cerne" da visita.

A visita dos ministros de França e da Alemanha a Damasco foi a primeira a este nível entre responsáveis de grandes potências ocidentais e o homem que assumiu as rédeas do país a 08 de dezembro.

Lançada a 27 de novembro na Síria, uma ofensiva relâmpago derrubou em 12 dias o regime do presidente Bashar Al-Assad, há 24 anos no poder na Síria, obrigando-o a abandonar o país com a família a 08 de dezembro e a pedir asilo político na Rússia.

A ofensiva, que na realidade eram duas combinadas - 'Dissuadir a Agressão', lançada pela Organização Islâmica de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham, HTS, em árabe) que inclui o antigo ramo sírio da Al-Qaida, e 'Amanhecer da Liberdade', liderada pelos rebeldes sírios - foi a primeira em grande escala em que as forças da oposição conquistaram território em Alepo desde 2016, quebrando o impasse de uma guerra civil iniciada em 2011, que matou mais de 300.000 pessoas e fez sair do país quase seis milhões de refugiados e que, formalmente, nunca terminou.

Os presidentes turco e russo, Recep Tayyip Erdogan e Vladimir Putin, respetivamente, acordaram, em 2020, um cessar-fogo, após meses de combates em Idlib.

O reacendimento do conflito fez-se com esta ofensiva que partiu da cidade de Idlib, um bastião da oposição, em que os rebeldes conseguiram expulsar em poucos dias o Exército de Bashar al-Assad, apoiado pela Rússia e pelo Irão, das capitais provinciais de Alepo, Hama e Homs, abrindo caminho para Damasco, a capital do país, e pondo fim ao regime do clã Assad, iniciado em 1971, ano em que o pai de Bashar, Hafez al-Assad, tomou o poder através de um golpe de Estado.

Leia Também: Novo MNE da Síria chegou aos Emirados Árabes Unidos

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