A coluna de três veículos "claramente" identificados "foi alvo de disparos, apesar de ter recebido todas as autorizações necessárias das autoridades israelitas" para entrar e circular no território palestiniano, declarou a agência especializada da ONU num comunicado.
"Felizmente", nenhuma das oito pessoas que seguiam a bordo dos veículos atingidos por 16 balas ficou ferida durante essa "experiência aterradora", acrescentou a organização na nota de imprensa.
"Este incidente inaceitável é o mais recente exemplo do ambiente de trabalho complexo e perigoso em que o PAM e outras agências operam atualmente" na Faixa de Gaza, onde "as condições de segurança devem melhorar urgentemente para permitir a continuação das operações humanitárias", insistiu o PAM.
A agência da ONU apela a todas as partes para respeitarem o direito humanitário internacional e permitirem a passagem da ajuda humanitária com total segurança.
Não se trata da primeira vez que veículos da ONU são alvo de fogo, desde o início da guerra de Israel contra o movimento islamita palestiniano Hamas, na Faixa de Gaza, desencadeada pelo seu ataque sem precedentes em território israelita a 07 de outubro de 2023, que fez cerca de 1.200 mortos, na maioria civis.
Em maio passado, um funcionário da ONU de nacionalidade indiana foi morto quando o seu veículo foi atingido pelo Exército israelita.
E, em agosto, o PAM já tinha acusado as forças israelitas de terem disparado sobre uma dos suas viaturas, um incidente que o levou a suspender temporariamente as deslocações do seu pessoal na Faixa de Gaza.
A Faixa de Gaza é cenário de conflito desde 07 de outubro de 2023, data em que Israel ali declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, horas após o ataque do movimento islamita palestiniano ao seu território.
Desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) fez também nesse dia 251 reféns, 96 dos quais continuam em cativeiro, 36 deles entretanto declarados mortos pelo Exército israelita.
A guerra, que hoje entrou no 458.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza pelo menos 45.854 mortos (cerca de 2% da população), entre os quais quase 18.000 crianças, e 109.139 feridos, além de cerca de 11.000 desaparecidos, na maioria civis, presumivelmente soterrados nos escombros, e mais alguns milhares que morreram de doenças e infeções, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.
Cerca de 90% dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza viram-se obrigados a deslocar-se, muitos deles várias vezes, ao longo de mais de um ano de guerra, encontrando-se em acampamentos apinhados ao longo da costa, praticamente sem acesso a bens de primeira necessidade, como água potável e cuidados de saúde.
O sobrepovoado e pobre enclave palestiniano está mergulhado numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que está a fazer "o mais elevado número de vítimas alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.
No final de 2024, uma comissão especial da ONU acusou Israel de genocídio na Faixa de Gaza e de estar a utilizar a fome como arma de guerra - acusação logo refutada pelo Governo israelita, mas sem apresentar quaisquer argumentos.
[Notícia atualizada às 17h56]
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