Segundo um comunicado da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV), as fortes chuvas e inundações de inverno tornararam inabitáveis os abrigos improvisados de milhares de pessoas no enclave palestiniano, sob ocupação israelita.
"Sem acesso seguro, as crianças morrerão de frio. Sem acesso seguro, as famílias morrerão à fome. Sem acesso seguro, os trabalhadores humanitários não podem salvar vidas", alertou o secretário-geral da FICV, Jagan Chapagain.
A FICV lamentou a morte de oito bebés pelo frio, anunciadas pelas Nações Unidas, sublinhando "a gravidade da crise humanitária".
De acordo com uma contagem da ONU, 333 trabalhadores humanitários foram mortos na Faixa de Gaza desde o início do conflito, iniciado com a retaliação israelita por um ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano Hamas ao sul de Israel, a 07 de outubro de 2023, que matou 1.200 pessoas e fez cerca de 250 reféns, a maioria das quais civis.
A ofensiva em grande escala desencadeada por Israel na Faixa de Gaza já provocou mais de 45 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.
"Reitero urgentemente o meu apelo a um acesso seguro e sem obstáculos para os trabalhadores humanitários, para que possam prestar ajuda vital", insistiu Chapagain.
De acordo com a Cruz Vermelha Internacional, "muitas pessoas" na Faixa de Gaza estão a viver em campos improvisados, sem acesso a bens essenciais, como cobertores.
A organização não-governamental (ONG) Médicos Sem Fronteiras (MSF) alertou que os três grandes hospitais no sul da Faixa de Gaza encerrarão em breve por falta de combustível.
"Esta situação ameaça a vida de centenas de pacientes, incluindo bebés recém-nascidos, que dependem da eletricidade para se manterem vivos", afirmou a MSF num comunicado.
Também hoje, o Hamas acusou Israel de impedir que o combustível chegue aos poucos hospitais que ainda funcionam.
De acordo com os dados do Gabinete das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários (OCHA), apenas 16 dos 37 hospitais da Faixa de Gaza ainda estão a funcionar.
"A ocupação continua a impedir deliberadamente que o combustível chegue aos hospitais, exceto em quantidades muito limitadas, insuficientes para várias horas, e tenta convencer a comunidade internacional a trazer ajuda, enquanto prossegue a sua guerra aberta contra os hospitais e os centros médicos", acusou o grupo palestiniano num comunicado.
Os MSF anunciaram que iriam enviar combustível para o hospital Nasser, no sul, juntamente com 500 camas, onde as equipas da ONG operam.
Esta é uma "situação impossível, porque mesmo se dermos prioridade ao pouco combustível que resta para os serviços mais cruciais, sabemos que [estes abastecimentos] não durarão mais do que 36 a 48 horas", disse Julie Faucon, chefe da equipa médica dos MSF em Gaza.
Os MSF condenaram ainda as restrições impostas por Israel na Cisjordânia ocupada, nomeadamente em Hebron.
A ONG, que foi forçada a suspender as suas atividades dentro da zona durante vários meses, advertiu que o acesso aos cuidados de saúde está "seriamente comprometido e a saúde mental e física da população está em risco e a deteriorar-se".
Leia Também: Médio Oriente: Acordo sobre trégua em Gaza está "muito próximo"