"Destas, cerca de 772 mil crianças correm o risco de sofrer de desnutrição aguda grave", disse Eva Hinds, responsável pela sensibilização e comunicação do Unicef no Sudão, em declarações à agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP), salientando que esta é a forma mais mortal de desnutrição.
A falta de acesso a cuidados médicos e a água potável, a falta de higiene, práticas alimentares inadequadas, especialmente para bebés, crianças e mulheres, e a insegurança alimentar, são as principais causas estruturais da desnutrição aguda, segundo a Unicef.
Várias agências das Nações Unidas têm alertado que a fome já atingiu cinco regiões do Sudão, com base num relatório recente do sistema de Classificação da Segurança Alimentar (FSC), prevendo-se que, até final de maio, a fome se estenda a mais cinco distritos da região de Darfur ocidental do país, uma vasta área que tem sido palco da pior violência do conflito.
Além disso, 17 outras regiões do Sudão ocidental e central estão também ameaçadas pela fome.
"Sem um acesso humanitário imediato e sem entraves a uma intensificação significativa da resposta multissetorial, é provável que a desnutrição se agrave nestas zonas", acrescentou Hinds.
Nos últimos vinte meses, o Sudão tem sido afetado por um violento conflito entre o exército e as forças paramilitares de apoio rápido (RSF), uma guerra que matou dezenas de milhares de pessoas, deslocou 12 milhões de pessoas e criou a maior crise de deslocados do mundo, de acordo com a ONU.
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