O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que tomou hoje posse para um terceiro mandato de seis anos, encerrou por decisão unilateral a fronteira do país com o Brasil, indicou o Governo brasileiro.
"O Governo brasileiro informa que, por decisão das autoridades venezuelanas, a fronteira da Venezuela com o Brasil foi fechada hoje, até dia 13 de janeiro, segunda-feira", indicou, em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro.
O Brasil partilha 2.199 quilómetros de fronteira terrestre com a Venezuela, sendo que o principal ponto de entrada de venezuelanos no país é pelo estado de Roraima.
De acordo com dados oficias, desde 2018, quando o Brasil iniciou a operação para acolher refugiados, cerca de 700 mil pessoas atravessaram a fronteira da Venezuela com o Brasil.
A diplomacia brasileira ainda não teceu quaisquer comentários sobre a tomada de posse que aconteceu hoje no seu vizinho venezuelano.
Presente na tomada de posse de Maduro esteve apenas a embaixadora brasileira em Caracas, Glivânia Maria de Oliveira.
O Governo brasileiro, outrora aliado venezuelano e visto pela comunidade internacional como uma das poucas pontes abertas com Maduro, não reconheceu oficialmente vitória de Maduro nem da oposição.
Ainda assim, num comunicado divulgado pela presidência francesa, após uma conversa telefónica entre o presidente francês, Emmanuel Macron, e o seu homólogo brasileiro, Lula da Silva, o Palácio do Eliseu indicou que os dois líderes apelaram a Nicolas Maduro para "retomar o diálogo com a oposição", segundo o Palácio do Eliseu.
"A França e o Brasil estão dispostos a facilitar este reatamento das trocas, que deve permitir o regresso da democracia e da estabilidade à Venezuela", frisou a presidência francesa em comunicado, na sequência de uma conversa telefónica entre os dois chefes de Estado.
Na mesma nota, os dois líderes sublinharam que "todas as pessoas detidas pelas suas opiniões ou compromissos políticos devem ser libertadas imediatamente".
Nicolás Maduro, atual presidente, tomou hoje posse para um terceiro mandato de seis anos, apesar de a oposição reivindicar vitória nas eleições presidenciais de julho e após protestos no país sul-americano e no estrangeiro contra a repressão exercida pelo seu governo.
No vídeo divulgado nas redes sociais, Machado sublinha que "na sua paranóia delirante, o regime [de Nicolás Maduro] não apenas fechou o espaço aéreo da Venezuela, como ativou todo o sistema de defesa aérea" durante o dia.
"Avaliámos, portanto, tudo isto e decidimos que não é oportuno que Edmundo entre hoje na Venezuela. Pedi-lhe que não o faça, porque a sua integridade é fundamental para a derrota final do regime e para a transição para a democracia, que está muito próxima", sublinha.
Entretanto, a líder opositora venezuelana Maria Corina Machado anunciou hoje que o ex-candidato presidencial Edmundo González Urrutia, que a oposição diz ter vencido as últimas eleições presidenciais, voltará ao país apenas "quando as condições forem propícias".
"Edmundo virá à Venezuela para prestar juramento como presidente constitucional da Venezuela no momento certo, quando as condições forem adequadas", afirma Machado num vídeo divulgado na sua conta da X, antigo Twitter.
Maria Corina Machado sublinha ainda que "Maduro não poderá governar pela força uma Venezuela que decidiu ser livre".
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