Pelo menos 303 mortos e 619 baleados em manifestações em Moçambique

Pelo menos 303 pessoas morreram e 619 foram feridas a tiro nas manifestações pós-eleitorais em Moçambique desde 21 de outubro, segundo um novo balanço divulgado hoje pela plataforma eleitoral Decide.

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Lusa
15/01/2025 12:15 ‧ há 3 horas por Lusa

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Moçambique

De acordo com o balanço daquela Organização Não-Governamental (ONG) moçambicana que monitoriza os processos eleitorais, há ainda registo de pelo menos 4.228 detidos nestas manifestações, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados das eleições gerais de 09 de outubro.

 

A polícia recorreu hoje a disparos e gás lacrimogéneo para desmobilizar um grupo de manifestantes que contestava, a cerca de 300 metros do local da investidura, no centro de Maputo, a posse do Presidente da República, Daniel Chapo.

Cerca das 12:00 locais (menos duas horas em Lisboa), um grupo de algumas dezenas de manifestantes, empunhando cartazes de apoio ao candidato presidencial Venâncio Mondlane, insistia em concentrar-se em frente ao Banco de Moçambique, bloqueados pela polícia.

De seguida, os manifestantes começaram a colocar pedras na via, precipitando a intervenção da polícia, com recurso a vários tiros de metralhadora e lançamento de gás lacrimogéneo, que levou à debandada momentânea dos manifestantes, alguns perdidos ao longo do percurso por agentes da Unidade de Intervenção Rápida, numa altura em que decorria a cerimónia de investidura na contígua Praça da Independência.

Poucos minutos depois, o mesmo grupo voltou a concentrar-se no mesmo local, com bandeiras de Moçambique e repetindo o protesto.

As forças de segurança moçambicanas já tinham dispersado, à bastonada, outro grupo de dezenas de manifestantes que gritavam "Mondlane", também a cerca de 300 metros do local onde o novo Presidente tomou posse, no centro da capital.

Dezenas de polícias, militares e equipas cinotécnicas impediam os manifestantes de se aproximarem da Praça da Independência.

Os manifestantes, organizados em diferentes grupos, gritavam ainda "Salve Moçambique" e entoavam o hino moçambicano, afirmando que pretendiam assistir à tomada de posse, mas foram impedidos pela polícia.

A capital moçambicana está hoje sob fortes medidas de segurança e já tinha havido outras intervenções da polícia para dispersar, com tiros, manifestantes em protesto que incendiaram pneus na estrada, à entrada do centro de Maputo, pouco antes da cerimónia de investidura de Daniel Chapo como quinto Presidente moçambicano.

Na zona do Bairro Luís Cabral, grupos de jovens começaram a incendiar pneus cerca das 09:00 locais (menos duas horas em Lisboa), cortando a N4, que liga a Matola à entrada de Maputo, levando a polícia a fazer vários disparos na tentativa de os desmobilizar.

Daniel Chapo foi investido hoje como quinto Presidente da República de Moçambique, o primeiro nascido já depois da independência do país, numa cerimónia com cerca de 2.500 convidados.

Em 23 de dezembro, Chapo, 48 anos, foi proclamado pelo Conselho Constitucional (CC) como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, nas eleições gerais de 09 de outubro, que incluíram legislativas e para assembleias provinciais, que a Frelimo também venceu.

O candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados eleitorais, convocou três dias de paralisação e manifestações, desde segunda-feira, contestando a tomada de posse dos deputados eleitos à Assembleia da República e a investidura do novo Presidente da República.

A eleição de Daniel Chapo tem sido contestada nas ruas desde outubro, com manifestantes pró-Mondlane - que segundo o CC obteve apenas 24% dos votos mas que reclama vitória - a exigirem a "reposição da verdade eleitoral", com barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia.

Leia Também: Daniel Chapo investido como quinto presidente moçambicano

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