"Saúdo calorosamente o acordo de cessar-fogo e de libertação de reféns em Gaza. Os reféns serão reunidos com os seus entes queridos, e a ajuda humanitária conseguirá chegar aos civis em Gaza", escreveu a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na rede social X (antigo Twitter).
"Isto traz esperança a toda a região, onde as pessoas suportaram um enorme sofrimento durante demasiado tempo", acrescentou Von der Leyen, desejando que "ambas as partes em conflito cumpram este acordo na totalidade, como um trampolim para uma estabilidade duradoura na região e uma resolução diplomática do conflito".
A comissária europeia Dubravka Suica também se pronunciou na mesma rede social, escrevendo: "Saúdo o acordo de cessar-fogo e o acordo sobre os reféns entre Israel e o Hamas, que trará um muito necessário descanso às pessoas afetadas por este conflito devastador".
Um alto responsável do Hamas confirmou o aval do movimento ao cessar-fogo em Gaza, embora Israel tenha sublinhado haver ainda cláusulas em aberto.
Também a Turquia mostrou satisfação pelo cessar-fogo na Faixa de Gaza hoje alcançado entre Israel e o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), sublinhando a importância de enviar de imediato ajuda humanitária para aquele território, para facilitar o regresso dos deslocados.
"Espero que em breve seja anunciado oficialmente o cessar-fogo", declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, numa conferência de imprensa em Ancara com o homólogo sírio, Asaad Shaibani.
"A ajuda humanitária deve começar imediatamente; o importante é que agora dois milhões de pessoas possam regressar a casa", acrescentou, referindo-se aos palestinianos deslocados devido aos combates na Faixa de Gaza.
Fidan lamentou as "atividades diplomáticas que deram mais tempo a Israel", prolongando a guerra em que, segundo ele, "já morreram 50.000 pessoas, a maioria civis".
"A dignidade humana foi espezinhada e o sistema internacional morreu, chegou-se a um mundo sem regras, apenas para que Israel pudesse atingir os seus objetivos militares. Para garantir a sua própria segurança, Israel põe em perigo outros países", acrescentou o ministro turco, apontando como exemplo a ocupação israelita de partes da Síria.
O chefe da diplomacia turca reiterou que "a única solução para o conflito é criar dois Estados, com fronteiras acordadas", e prometeu que a Turquia sempre trabalhará para tal objetivo.
A Faixa de Gaza é cenário de conflito desde 07 de outubro de 2023, data em que Israel ali declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando cerca de 1.200 pessoas, na maioria civis.
Desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel, o Hamas fez também nesse dia 251 reféns, 96 dos quais continuam em cativeiro, 36 deles entretanto declarados mortos pelo Exército israelita.
A guerra, que hoje entrou no 467.º dia, fez até agora na Faixa de Gaza pelo menos 46.707 mortos (cerca de 2% da população), entre os quais quase 18.000 crianças, e 110.265 feridos, além de cerca de 11.000 desaparecidos, na maioria civis, presumivelmente soterrados nos escombros, e mais alguns milhares que morreram de doenças e infeções, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.
Cerca de 90% dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza viram-se obrigados a deslocar-se, muitos deles várias vezes, ao longo de mais de um ano de guerra, encontrando-se em acampamentos apinhados ao longo da costa, praticamente sem acesso a bens de primeira necessidade, como água potável e cuidados de saúde.
O sobrepovoado e pobre enclave palestiniano está mergulhado numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que está a fazer "o mais elevado número de vítimas alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.
No final de 2024, uma comissão especial da ONU acusou Israel de genocídio na Faixa de Gaza e de estar a utilizar a fome como arma de guerra - acusação logo refutada pelo Governo israelita, mas sem apresentar quaisquer argumentos.
[Notícia atualizada às 19h32]
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