"O destacamento de forças vai manter a dimensão atual, mas será feito de forma diferente, incluindo postos avançados, patrulhas, observação e controlo ao longo de todo o eixo", disse o funcionário do governo israelita, sob anonimato, o que contraria uma posição expressa no documento dos negociadores do acordo de cessar-fogo entre Israel e o movimento islamita Hamas.
A mesma fonte disse que Israel vai permanecer no corredor "até nova ordem" se o Hamas não aceder às exigências para acabar com a guerra de uma forma "consistente" com os objetivos israelitas.
Estes objetivos, que o governo de Benjamin Netanyahu tem vindo a reivindicar há vários meses, são acabar com o Hamas, fazer regressar os israelitas deslocados às casas (cerca de 15 mil perto da fronteira de Gaza), recuperar os 94 reféns que ainda se encontram em Gaza e "impedir qualquer ameaça futura" da Faixa de Gaza para o país.
Na ausência de um fim da guerra nestes termos exigidos por Israel, segundo o comunicado, o Exército vai permanecer no corredor Filadélfia tanto no 42º dia, que marca o fim da primeira fase do acordo, como no 50º dia.
Na quinta-feira, o membro do gabinete político do Hamas, Basem Naim, referiu à EFE os mecanismos de aplicação do acordo avaliado pelas partes, que estipulava que as tropas israelitas se retirariam completamente do corredor "antes do 50.º dia".
Ao longo da tarde de quinta-feira, responsáveis da organização islamita celebraram o facto de se terem aproximado de Israel no que respeita ao corredor Filadélfia, que tinha sido um dos principais pontos de desacordo nas negociações, e garantiram que tinham chegado a acordo sobre a retirada gradual das tropas durante a primeira fase.
O corredor inclui a passagem de Rafah, o principal posto fronteiriço de Gaza, que liga o enclave ao Egito.
Segundo o acordo divulgado na quinta-feira, Israel comprometeu-se a preparar esta passagem para permitir a transferência de civis e feridos.
O documento deixava uma lacuna não especificada: estipulava que as tropas poderiam ser reposicionadas em torno da passagem, de acordo com mapas a acordar entre as partes, mas não dava qualquer informação sobre quando, como ou porquê.
Na altura em que o anúncio do acordo estava iminente, os funcionários israelitas afirmaram que o Hamas tinha incluído uma exigência de última hora relativa ao corredor Filadélfia que atrasou o anúncio, mas que foi resolvida pouco depois.
Hoje, após o anúncio do Qatar, o Executivo israelita acusou o Hamas de ter criado uma "crise de última hora" após ter alegadamente tentado alterar pormenores do projeto, embora não tenha especificado quais.
Em resposta, o Hamas afirmou estar "empenhado no acordo de cessar-fogo anunciado pelos mediadores".
Basem Naim, membro do bureau político do Hamas, disse à EFE que não sabia a que se referiam as palavras de Netanyahu sobre "novas exigências".
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