Irão diz esperar que "Trump 2" seja "mais sério e mais realista"

O vice-Presidente iraniano para os Assuntos Estratégicos, Mohammad Javad Zarif, disse hoje esperar que, no seu regresso à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, numa segunda versão, seja "mais sério, mais concentrado e mais realista" face ao Irão.

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© Halil Sagirkaya /Anadolu via Getty Images

Lusa
22/01/2025 14:56 ‧ há 3 horas por Lusa

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Intervindo no Fórum Económico Mundial em Davos (Suíça), numa sessão de perguntas e respostas com o jornalista e comentador norte-americano Fareed Zakaria, o dirigente iraniano insistiu que o Irão não representa uma ameaça à segurança mundial nem deseja desenvolver armas nucleares e disse esperar que Trump, desta feita, perceba isso mesmo, e não seja mal aconselhado, como no primeiro mandato (2017-2020).

 

Considerando um grande erro a decisão de Trump, em 2018, de retirar os Estados Unidos do acordo nuclear assinado entre o Irão e os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) -- EUA, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha -, Zarif considerou todavia que essa medida lhe foi "imposta", atribuindo a responsabilidade às "suposições extremamente erradas" dos antigos conselheiros do Presidente, designadamente ao conselheiro de segurança nacional John Bolton e ao secretário de Estado Mike Pompeo, e a pressões do primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu.

"Espero que, desta vez, um 'Trump 2' seja mais sério, mais concentrado, mais realista", disse Zarif, que se congratulou por figuras como Bolton, Pompeo e também o antigo conselheiro Brian Hook, não fazerem parte da nova administração, que entrou em funções na segunda-feira.

Insistindo que Teerão não deseja munir-se de armas nucleares, Javad Zarif fez notar, contudo, que, na sequência da saída de Washington do acordo nuclear iraniano, "o Irão ganhou muito mais capacidades nucleares", desde 2018.

"Em termos de dissuasão do Irão, a política de pressão máxima falhou", disse Zarif, que foi um dos negociadores do acordo de 2015, à época enquanto ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano.

Hoje mesmo, também em Davos, a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) apelou à nova administração norte-americana encabeçada por Trump e ao Irão para que dialoguem entre si, numa altura em que Teerão está a aumentar a sua produção de urânio enriquecido.

O diálogo é "absolutamente essencial" para o progresso das negociações sobre o programa nuclear iraniano, disse Rafael Grossi, diretor-geral da AIEA, segundo o qual "sem este diálogo, não haverá progresso".

Em 2018, os EUA, durante o primeiro mandato de Donald Trump, abandonaram o acordo nuclear assinado entre o Irão e os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, e, um ano depois, Teerão reduziu a sua cooperação com a Organização Internacional de Energia Atómica, restringindo as inspeções às suas instalações nucleares.

Trump voltou também a impor sanções contra o Irão, que tinham sido suspensas no âmbito do pacto, tendo hoje Zarif notado que quem mais sofre com essas sanções "é o povo iraniano e, em particular, os mais vulneráveis".

O Irão insiste no seu direito de produzir energia nuclear para fins pacíficos e nega qualquer desejo de se tornar uma potência atómica. Desde que o novo Presidente reformista Massoud Pezeshkian tomou posse em agosto, Teerão manifestou o seu desejo de relançar as negociações para retomar o acordo.

Leia Também: Irão espera que Trump adote "postura realista" em relação a Teerão

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