Segundo a Comunidade Internacional Baha'i (CIB), que representa nas Nações Unidas os interesses dos membros desta minoria religiosa a nível mundial, as forças de segurança, "sem qualquer mandado de captura ou notificação prévia", "entraram à força" nas casas destas dez mulheres, que foram depois sujeitas a "buscas dolorosas e invasivas".
A República Islâmica, em que o xiismo é a religião de Estado, considera os Baha'is hereges e "espiões" ligados a Israel, inimigo declarado de Teerão, cuja sede mundial histórica se situa em Haifa, no norte de Israel.
"O governo iraniano mostrou mais uma vez a sua verdadeira face", lamentou Simin Fahandej, representante da CIB junto das Nações Unidas em Genebra, descrevendo as rusgas como "mais um ato insensato contra mulheres totalmente inocentes".
Para a CIB, estas detenções "chocantes" são "parte integrante de uma campanha sistemática e crescente de perseguição contra os Baha'is".
Em dezembro, peritos da ONU manifestaram a sua preocupação com "o que parece ser um aumento da perseguição sistemática das mulheres Baha'i" no Irão.
Em abril, a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch declarou que a perseguição dos Baha'is pelas autoridades iranianas desde a revolução islâmica de 1979 constituía um "crime de perseguição contra a humanidade".
Os Baha'is seguem os ensinamentos de Bahaullah, nascido no Irão em 1817, que consideram ser um profeta e o fundador desta religião monoteísta que promove a unidade e a igualdade.
A sua fé não é reconhecida pelas autoridades iranianas, ao contrário de outras religiões minoritárias não muçulmanas, nomeadamente o cristianismo, o judaísmo e o zoroastrismo.
Não se sabe quantos membros da comunidade permanecem no Irão, mas os apoiantes acreditam que poderão ser centenas de milhares.
Mahvash Sabet, uma poetisa de 71 anos, e Fariba Kamalabadi, de 62, foram ambas detidas em julho de 2022 e estão a cumprir penas de prisão de 10 anos. Ambas as mulheres já tinham sido presas pelas autoridades nas últimas duas décadas.
Os seus apoiantes alertaram para o facto de Sabet poder voltar à prisão depois de lhe ter sido concedida uma licença para uma cirurgia ao coração, enquanto Kamalabadi permanece na prisão.
Leia Também: Irão diz esperar que "Trump 2" seja "mais sério e mais realista"