O Panamá solicitou a cooperação do Brasil para interrogar oito testemunhas no processo de corrupção que deveria ter começado na segunda-feira passada, no qual estão no banco dos réus dois ex-presidentes e vários políticos de alto escalão.
Depois de receberem este pedido, as autoridades brasileiras perguntaram às autoridades panamianas se iriam utilizar no processo judicial uma série de provas que foram anuladas pelo Supremo Tribunal brasileiro, mas não obtiveram resposta do país centro-americano, segundo um comunicado enviado pelo Ministério da Justiça à EFE.
"Enquanto o país requerente não responder indicando que essas provas não foram utilizadas, o pedido de cooperação será suspenso, sem qualquer progresso, a fim de garantir o cumprimento da decisão do Supremo Tribunal", diz o comunicado.
Em 2023, o Supremo Tribunal Federal anulou todas as provas obtidas através de acordos de cooperação com a construtora, devido a erros processuais cometidos na justiça brasileira.
O julgamento no Panamá do caso Odebrecht foi adiado na segunda-feira pela quarta vez, devido à falta de cooperação do Brasil na audição de oito testemunhas.
No caso de suborno da Odebrecht, 31 réus foram chamados ao banco dos réus no Panamá, incluindo os ex-presidentes Juan Carlos Varela (2014-2019) e Ricardo Martinelli (2009-2014), dois filhos deste último, além de ex-ministros e outras personalidades pelo crime de lavagem de dinheiro.
A Odebrecht admitiu perante a justiça norte-americana que, entre 2001 e 2016, pagou 788 milhões de dólares em subornos a funcionários de 12 países no âmbito de 100 projetos de construção, atos criminosos que lhe permitiram obter lucros de 3,36 mil milhões de dólares.
As revelações do caso provocaram terramotos políticos em países como o Brasil, o Panamá, o Peru, a República Dominicana e o Equador, onde políticos de alto nível, incluindo vários ex-presidentes, foram investigados ou condenados.
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