Combates no Sudão deixam em chamas maior refinaria do país junto a Cartum

Os combates junto à maior refinaria de petróleo do Sudão incendiaram o vasto complexo, segundo dados de satélite analisados hoje pela agência Associated Press, onde são identificadas colunas de fumo negro e espesso sobre a capital do país.

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Lusa
25/01/2025 07:19 ‧ ontem por Lusa

Mundo

Sudão

Os ataques em torno da refinaria, propriedade do Governo sudanês e da empresa estatal China National Petroleum Corp, representam o mais recente desastre numa guerra civil entre as tropas insurgentes das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) e as forças armadas sudanesas, que se culpam mutuamente pelo incêndio.

 

As tentativas de mediação internacional e as táticas de pressão, incluindo uma avaliação dos Estados Unidos segundo a qual as RSF e os seus representantes estão a cometer genocídio, não conseguiram travar os combates.

A refinaria de al-Jaili situa-se a cerca de 60 quilómetros a norte de Cartum, a capital do Sudão. A refinaria já foi alvo de ataques anteriores, mas as RSF reivindicam o controlo das instalações desde abril de 2023.

Os meios de comunicação social sudaneses locais informam que as RSF cercaram a refinaria com campos de minas terrestres para atrasar qualquer avanço.

A instalação, capaz de processar 100.000 barris de petróleo por dia, permaneceu praticamente intacta até esta quinta-feira, quando um ataque provocou incêndios em todo o complexo, de acordo com dados de satélites da NASA, que monitorizam os incêndios florestais em todo o mundo.

As imagens de satélite captadas na sexta-feira mostram vastas áreas da refinaria em chamas, várias explosões e os depósitos de combustível queimados e cobertos de fuligem.

Espessas nuvens de fumo negro elevavam-se sobre o local, levadas pelo vento para sul, em direção a Cartum. A exposição a este fumo pode agravar os problemas respiratórios e aumentar os riscos de cancro.

Num comunicado divulgado na quinta-feira, os militares sudaneses alegaram que as RSF foram responsáveis pelo incêndio na refinaria.

A RSF "incendiou deliberadamente a refinaria de Cartum em al-Jaili esta manhã, numa tentativa desesperada de destruir as infraestruturas deste país", lê-se no comunicado.

"Este comportamento odioso revela a extensão da criminalidade e da decadência desta milícia... [e] aumenta a nossa determinação em persegui-la em todo o lado até libertarmos cada centímetro da sua imundície".

As RSF, por seu lado, alegaram na noite de quinta-feira que aviões militares sudaneses lançaram "bombas de barril" sobre as instalações, "destruindo-as completamente".

As RSF afirmam que os militares sudaneses utilizam velhos aviões comerciais de carga para lançar este tipo de bombas, como um que se despenhou em circunstâncias misteriosas em outubro.

Nem os militares sudaneses nem as RSF apresentaram provas para apoiar as respetivas alegações.

A China, o maior parceiro comercial do Sudão antes da guerra, ainda não confirmou o incêndio na refinaria. A China entrou na indústria petrolífera do Sudão depois de a Chevron Corp. ter abandonado o país em 1992, devido à violência contra os trabalhadores do setor petrolífero durante uma guerra civil anterior.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou que "está a acompanhar com grande preocupação a recente escalada dos combates no Sudão", de acordo com um comunicado do seu gabinete, que menciona especificamente o ataque à refinaria de petróleo.

"O secretário-geral insta as partes a absterem-se de todas as ações que possam ter consequências perigosas para o Sudão e para a região, incluindo sérias implicações económicas e ambientais", refere o comunicado.

A perda da refinaria terá um grande efeito nas economias do Sudão e do Sudão do Sul.

Leia Também: Pelo menos 367 mortes por cólera no Sudão do Sul até 15 de janeiro

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