Venezuelanos recordaram as vítimas do Holocausto e Aristides

A Venezuela recordou as vítimas e os sobreviventes do Holocausto e honrou a memória dos "Justos entre as Nações", como o português Aristides de Sousa Mendes, que arriscaram as suas vidas para ajudar judeus perseguidos.

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Lusa
28/01/2025 07:22 ‧ há 3 dias por Lusa

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Aristides

O 'In Memoriam 2025' reuniu segunda-feira quase 1.300 pessoas e foi organizado pela organização não governmental 'Espacio Anna Frank' (EAF).

 

O evento incluiu atividades culturais em Caracas e nos estados de Carabobo (centro) e Zúlia (oeste), com atos protocolares, a projeção do filme "A obra de Sir Nicholas Winton" e a exposição "Valentia moral: Alguns Justos entre as Nações".

"Em 27 de janeiro comemora-se os 80 anos da data em que o Exército Vermelho entrou em Auschwitz e há 15 anos as Nações Unidas aprovaram uma resolução para comemorar a memória das vítimas [do Holocausto] para que nunca mais aconteça", explicou à Lusa o embaixador Milos Alcalay, presidente do EAF.

Alcalay explicou que "é um fato que outros países do mundo comemoram" e que na Venezuela o EAF, "para que nunca mais aconteça uma situação como foram as vítimas do Holocausto, mas também para agradecer a valentia moral de todos os que puseram as suas vidas em perigo na época do nacional-socialismo e salvaram as vidas de judeus".

"Os justos entre as nações estão em todas partes, e em Israel há o Yad Vashem, museu do Holocausto", frisou, precisando que cerca de 30 mil pessoas salvaram a vida de pessoas inocentes.

Alcalay explicou ainda que para a exposição foram selecionados 20 "justos entre as nações", entre eles "Aristides de Sousa Mendes, um diplomata português de grande visão, que foi cônsul na França e que salvou vidas dando vistos, num momento muito perigoso".

"É um exemplo que ainda hoje temos de ter em conta porque em 1945, quando se estabeleceram as Nações Unidas, [pensámos] que nunca mais ia ocorrer uma situação como a que se viveu com a prepotência do totalitarismo nazi e do totalitarismo fascista. Oitenta anos depois, vemos com preocupação que os tambores da guerra, os ventos de ódio se tornam preocupantes no mundo inteiro", disse.

O embaixador insistiu que é preciso recordar, "testemunhar a importância de não olvidar que é necessário conseguir um mundo de paz, de coexistência e de valentia moral".

Por outro lado, o jornalista luso-descendente Néstor Garrido, membro da direção do EAF, explicou que "os justos entre as nações são pessoas que fizeram o que tinham que fazer, o correto, num momento determinado da sua vida, num ato de valentia moral, para salvarem pessoas", num momento em que a maior parte ficava em silêncio e não fazia nada.

"Umas 28 mil pessoas foram reconhecidas como heróis, mas há muitas mais, muita gente que não se conhece os nomes, quem eram, nem se sabe bem o que fizeram. Mas sabemos, por testemunhas, que para que alguém sobrevivesse ao Holocausto, muitas, muitas, muitas outras pessoas intervieram", frisou.

Néstor Garrido explicou ainda que alguns dos sobreviventes do Holocausto conseguiram chegar à América Latina, e que em 1980 o Comité Venezuelano do Yad Vashem tinha um registo de 300 pessoas que chegaram à Venezuela.

Garrido destacou que Portugal tem dois "justos entre as nações", Aristides de Sousa Mendes e Carlos Garrido Sampaio, ambos diplomatas que desobedeceram às ordens do Governo de Oliveira Salazar e ajudaram muitas pessoas a deixar a França e a Hungria, rumo a Espanha e a Portugal, e depois para outros países, especialmente do continente americano.

Questionado sobre se situações como o Holocausto podem vir a repetir-se, explicou que "todos os portugueses, todas as pessoas, têm de estar cientes do que significa viver numa situação de perigo, em governos que são totalitários".

"E têm de estar cientes também do perigo que pode estar correndo quem possa bater às suas portas, precisando de ajuda (...) e ter o suficiente interesse, e a suficiente moral para ajudar. Isso pode acontecer em qualquer lugar e em qualquer momento e as pessoas têm de se pôr nos sapatos dos outros", disse Garrido.

Leia Também: Eleições legislativas e regionais marcadas para abril na Venezuela

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