Numa entrevista à televisão estatal, Putin declarou a abertura da Rússia a negociar a paz, mas rejeitou conversações diretas com o seu homólogo ucraniano Volodymyr Zelensky, que considera "ilegítimo".
Putin previu ainda que o conflito na Ucrânia, iniciado em fevereiro de 2022 com a invasão russa, terminaria dentro de "dois meses" sem a ajuda militar dos aliados ocidentais da Ucrânia, que temem uma redução drástica da assistência dos Estados Unidos com o regresso de Donald Trump ao poder.
"Não podem existir, não duram um mês se o dinheiro e, de um modo geral, as munições se esgotarem. Estaria tudo acabado num mês e meio ou dois meses", argumentou o governante, defendendo que "neste sentido, a soberania da Ucrânia é quase nula".
Sobre as conversações para terminar o conflito, Putin garantiu não ver "vontade" do lado de Kiev, rejeitando, por enquanto, eventuais discussões diretas com o seu homólogo ucraniano por considerar que o fim do seu mandato o torna "ilegítimo".
Putin afirmou que, embora seja possível negociar com qualquer pessoa, devido à "ilegitimidade" de Zelensky o Presidente ucraniano "não tem o direito de assinar" quaisquer acordos que venham a ser alcançados.
"Se quiser participar nas negociações, eu nomearei pessoas para conduzir essas conversações", acrescentou em entrevista à Rossiya 1 e replicada pelas agências noticiosas russas.
Putin sublinhou que qualquer acordo deve incluir garantias de segurança "tanto para a Ucrânia como para a Rússia, numa perspetiva histórica séria e de longo prazo".
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas confrontaram-se com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram entretanto a concretizar-se.
As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território, e a rejeitar negociar enquanto as forças ucranianas controlem a região russa de Kursk, parcialmente ocupada em agosto.
[Notícia atualizada às 19h16]
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