Segundo o responsável para a América Latina no Departamento de Estado norte-americano, Mauricio Claver-Carone, o objetivo da deslocação de Grenell é conseguir que a Venezuela, que não tem relações diplomáticas com os Estados Unidos, aceite voos de deportação de imigrantes sem documentos e garantir a libertação de cidadãos norte-americanos detidos nas prisões venezuelanas.
O responsável acrescentou que a missão de Grenell na Venezuela é "muito específica" e centra-se exclusivamente nessas duas questões.
"Esta missão especial é muito específica. Os Estados Unidos e o Presidente (Donald) Trump esperam que Nicolás Maduro receba de volta todos os criminosos e membros de gangues venezuelanos que foram enviados para os Estados Unidos e que o faça sem condições. Esta é uma questão não negociável", afirmou.
O segundo ponto relaciona-se com "reféns norte-americanos detidos na Venezuela que devem ser libertados imediatamente", acrescentou o representante.
Washington enfrenta dificuldades na deportação de venezuelanos há vários anos devido à deterioração das relações bilaterais e especialmente após o colapso diplomático de 2019 durante o primeiro mandato de Trump (2017-2021), quando os Estados Unidos reconheceram a figura da oposição Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela.
Desde então, os voos de deportação têm sido raros. Durante a administração de Joe Biden (2021-2025) foram brevemente retomados em outubro de 2022, mas foram novamente suspensos quatro meses depois.
Em novembro passado, e no seguimento das eleições presidenciais venezuelanas de 28 de julho, fortemente contestadas pela oposição e pela comunidade internacional, os Estados Unidos ainda liderados por Biden reconheceram o opositor Edmundo González Urrutia como Presidente eleito da Venezuela.
A informação inicial sobre a reunião com Maduro foi avançada pela estação televisiva norte-americana CNN.
Quanto aos norte-americanos detidos, a administração Trump não divulgou pormenores sobre as suas identidades, tendo, porém, a organização não-governamental 'Independent Venezuelan American Citizens (IVAC)', com sede em Miami, identificado oito cidadãos norte-americanos presos na Venezuela, a maioria deles desde 2024.
Trata-se de Gregory David Werber, David Guttenberg Guillarme, Aaron Barrett Logan, Jonathan Pagán González, Wilbert Joseph Castaño, David Estrella, José Marcelo Vargas e Lucas Hunter, este último de nacionalidade franco-americana.
Os opositores de Maduro, alguns dos quais com uma posição particularmente forte no estado norte-americano da Florida, manifestaram receios sobre Trump poder fazer concessões a Maduro.
Claver-Carone tentou esvaziar essas preocupações, assegurando que o encontro com Maduro não altera as prioridades de Trump em relação à Venezuela ou o compromisso do secretário de Estado, Marco Rubio, com a democracia no país sul-americano.
Na rede social X (antigo Twitter), Grenell publicou na quinta-feira uma fotografia da Sala Oval com Trump, sem se referir explicitamente à sua iminente viagem à Venezuela, escrevendo apenas: "Acabei de sair de uma reunião na Sala Oval com Trump. Está concentrado no que é melhor para a América e o povo americano".
Grenell ocupa o cargo de enviado especial para "missões especiais", encarregado de ajudar a administração Trump a gerir alguns dos seus desafios mais complexos em matéria de política externa.
Durante o primeiro mandato de Trump, este representante foi embaixador na Alemanha, enviado especial do Presidente para a Sérvia e o Kosovo e, por um breve período, diretor interino dos serviços secretos nacionais.
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