Kosovo elege domingo novo parlamento entre crescimento de tensões

O Kosovo, antiga província sérvia, elege no domingo um novo parlamento pela sexta vez desde a sua independência, em 2008, entre tensões interétnicas entre albaneses e sérvios, mas também com crescentes desafios sociais e económicos.

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© ARMEND NIMANI/AFP via Getty Images

Lusa
07/02/2025 10:51 ‧ há 3 horas por Lusa

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Kosovo

O principal favorito para vencer as eleições é o partido no poder 'Vetëvendosje' (Autodeterminação), do atual primeiro-ministro e antigo líder estudantil Albin Kurti, que, de acordo com as sondagens, pode obter mais de 50% dos votos.

 

Os partidos albaneses, que representam mais de 90% da população do Kosovo, partilham o objetivo principal de alcançar o reconhecimento total do Kosovo, reforçar a sua soberania e aproximar-se da União Europeia (UE) e da NATO, mas também de encerrar todas as instituições paralelas do Estado sérvio no seu território.

Entretanto, os sérvios do Kosovo, que se estima constituírem 6% da população, estão a exigir a criação da Comunidade de Municípios Sérvios, acordada em 2013, o que lhes daria maior autonomia num país cuja independência rejeitam veementemente.

De acordo com a Comissão Eleitoral Central (KQZ), 1.280 candidatos de 28 partidos concorrem aos 120 lugares no parlamento, 10 dos quais estão reservados para sérvios e 10 para outras minorias étnicas que vivem no Kosovo.

No total, quase dois milhões de eleitores estão aptos a votar num país que, segundo os censos de 2023, tem apenas 1,6 milhões de habitantes.

Isto porque, no estrangeiro, vivem centenas de milhares de kosovares, sobretudo na Suíça, Áustria e Alemanha, que começaram a votar a 09 de janeiro.

A campanha eleitoral foi marcada por uma retórica acesa, com os partidos a enfatizarem a soberania nacional, as alegações de corrupção, os problemas económicos e a integração na UE.

Kurti, um antigo líder estudantil de 49 anos que passou mais de dois anos em prisões sérvias, concentrou a sua mensagem na consolidação da independência do Kosovo, juntamente com promessas de mais crescimento económico, mas com poucos sinais de aproximação à Sérvia.

"Para os jovens, temos empregos. Para as mulheres, temos igualdade. Para a Sérvia, temos a polícia, o exército e o diálogo", alertou na semana passada, num comício realizado na cidade de Gjakova.

Considerado um nacionalista de esquerda, Kurti pode conquistar entre 49 e 52% dos votos, de acordo com as sondagens.

Partidos da oposição como o Partido Democrata (PDK) e a Liga Democrática (LDK), que ficam muito atrás nas sondagens, com 17% e 15% das intenções de voto, respetivamente, deram prioridade a questões económicas, como o crescimento económico, o desenvolvimento de infraestruturas, a criação de emprego e a integração na UE.

A 'Srpska Lista' (Lista Sérvia), que representa os cidadãos sérvios no país, do Presidente populista-nacionalista Aleksandar Vucic, rejeita em absoluto a independência do Kosovo.

"Uma vitória da 'Srpska Lista' seria uma vitória de todos os sérvios", disse Zlatan Elek, líder do partido, num comício organizado no município de Ranilug.

Cinco outras listas étnicas sérvias do Kosovo também estão a concorrer às eleições, mas com poucas hipóteses de ganhar um dos 10 lugares reservados aos sérvios no parlamento.

De acordo com o sociólogo Visar Ymeri, do Instituto de Política Social de Pristina, existe um descontentamento crescente com o governo de Curti, devido aos "fracassos económicos e à deterioração da posição financeira e social dos cidadãos como resultado da elevada inflação nos últimos anos".

"A 'bola' está agora do lado da oposição, para mostrar se é capaz de canalizar esse descontentamento para ganhos eleitorais", adiantou o especialista, citado pela agência de notícias espanhola Efe.

A União Europeia enviou cerca de 100 observadores para observar estas eleições, enquanto a NATO, através da missão KFOR, vai reforçar a segurança durante o período eleitoral com cerca de 4.000 militares em todo o país.

As tensões interétnicas aumentaram nos últimos dois anos, incluindo incidentes violentos com várias mortes e danos materiais nas infraestruturas do país.

No início de 2024, o Banco Nacional do Kosovo proibiu a utilização do dinar sérvio no seu território, incluindo nas zonas sérvias, permitindo apenas pagamentos em euros.

Esta proibição afetou particularmente as comunidades sérvias do norte do Kosovo, onde o dinar era amplamente utilizado, aumentando o descontentamento com Pristina.

Em novembro passado, uma esquadra de polícia e um edifício municipal em Zvechani foram atacados com granadas de mão, causando danos materiais, mas sem vítimas.

Apenas três dias depois, uma explosão danificou o canal Ibar-Lepenc, interrompendo o fornecimento de água às principais centrais elétricas do Kosovo, cujas autoridades responsabilizaram a Sérvia pelo incidente.

Leia Também: Missão da NATO no Kosovo reforça contingente durante período eleitoral

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