Tribunal condena sírio por morte à sede de menina em barco sobrelotado

Um tribunal cipriota condenou um sírio a três anos de prisão por causar a morte por negligência de uma menina de 3 anos, por desidratação, a bordo de um barco de migrantes à deriva durante seis dias.

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Lusa
07/02/2025 14:19 ‧ há 2 horas por Lusa

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Migrações

Segundo o gabinete do procurador-geral do Chipre, o tribunal criminal de Famagusta decidiu que o homem, capitão de um barco que transportava migrantes, não conseguiu garantir a segurança dos 60 sírios que tinha a bordo da pequena embarcação de madeira sem equipamento de comunicação apropriado nem ajudas à navegação.

 

De acordo com o que foi apurado, durante a viagem, o capitão ordenou aos passageiros que deitassem ao mar quaisquer garrafas de água que restassem, numa tentativa de remover indícios de que o barco tinha partido do Líbano.

O barco zarpou a 18 de janeiro de 2024, mas uma falha no motor deixou a embarcação à deriva durante quase uma semana no Mediterrâneo oriental, onde muitos passageiros, desesperados, começaram a beber água do mar e a sua própria urina para matar a sede.

Quando localizaram o barco, as autoridades cipriotas ainda transportaram a menina, que estava acompanhada pela mãe, para um hospital, mas a equipa médica não conseguiu salvá-la.

O número de pessoas que chegam ao Chipre como migrantes caiu a pique nos últimos três anos depois de o Governo deste Estado-membro da União Europeia ter adotado uma série de restrições, alegando incapacidade do país para acolher e acomodar novos requerentes de asilo.

De acordo com dados governamentais recentes, as chegadas de migrantes ao Chipre - etnicamente dividido entre a maioria greco-cipriota e a minoria turco-cipriota, que ocupa o norte da ilha, onde as autoridades governamentais não têm jurisdição --- caíram de 17.278 em 2022 para 6.102 em 2024.

Da mesma forma, os pedidos de asilo caíram de um recorde de 21.565 para 6.769 no mesmo período, enquanto os repatriamentos aumentaram de 7.700 para quase 11.000.

Face à queda de Bashar al-Assad na Síria, no final do ano passado, o vice-ministro das Migrações do Chipre, Nicholas Ioannides, afirmou que muitos cidadãos sírios estão a solicitar a retirada dos seus pedidos de asilo ou a revogação do seu estatuto de proteção internacional, tendo cerca de 755 já regressado ao seu país de origem.

O Chipre também já foi acusado de violar os direitos humanos dos migrantes no mar. Em outubro passado, o principal tribunal de direitos humanos da Europa decidiu que o país violou o direito de dois cidadãos sírios de pedirem asilo ao mantê-los, juntamente com mais 20 outras pessoas, a bordo de um barco no mar durante dois dias antes de os enviar de volta para o Líbano.

Leia Também: Que impacto terão as sanções de Trump no TPI? 4 perguntas e respostas

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