Num comunicado, o partido Sonho Georgiano disse que a legislação iria agora basear-se "palavra por palavra" na Lei de Registo de Agentes Estrangeiros (FARA, na sigla em inglês).
No entanto, não disse que medidas criticadas pela oposição, adotadas em maio de 2024, seriam abandonadas.
Estabelecida em 1938, a lei norte-americana FARA exige que qualquer empresa que represente um país, organização ou partido estrangeiro declare as suas atividades às autoridades.
Os governos - particularmente o da Rússia - citam regularmente este texto para justificar as suas próprias medidas, que são frequentemente muito mais restritivas.
No ano passado, o partido Sonho Georgiano adotou uma lei sobre a "influência estrangeira" vista pelos seus detratores como uma ferramenta para perseguir organizações que não estejam alinhadas com o Governo.
Promulgada no início de junho, apesar das grandes manifestações de protesto, a lei exige que as organizações não-governamentais (ONG) que obtêm mais de 20% do seu financiamento fora da Geórgia se registem junto das autoridades.
Aqueles que se recusarem a cumprir este procedimento estão expostos a multas de até 25.000 laris georgianos (cerca de 8.400 euros), uma quantia considerável na Geórgia.
A lei aplica-se a uma vasta gama de organizações, num país relativamente pobre, que depende muito do financiamento estrangeiro.
Os críticos dizem que a lei é fundamentada na legislação russa dos "agentes estrangeiros", que tem sido usada pelo Kremlin (presidência russa) para reprimir vozes dissidentes, sujeitando-as a severas restrições, incluindo multas, proibições e até penas de prisão.
O partido Sonho Georgiano não deu qualquer explicação para o anúncio feito hoje, dizendo apenas que estava a agir após "escândalos recentes sobre o uso de financiamento estrangeiro para alimentar a agitação política na Geórgia".
Esta formulação faz eco das suas recorrentes críticas dirigidas ao Ocidente, que acusa de financiar a mobilização antigovernamental.
A Geórgia está a ser afetada, há três meses, por manifestações diárias contra o partido no poder.
A crise política começou no final de outubro, quando o Sonho Georgiano reivindicou a vitória nas eleições legislativas, escrutínio contestado e classificado pela oposição como fraudulento.
A situação agravou-se no mês seguinte, quando o partido decidiu adiar os seus esforços para aderir à União Europeia (UE), uma medida vista pelos seus críticos como um sinal de aproximação à Rússia.
Os ativistas que têm saído à rua acusam as autoridades de terem lançado uma campanha de intimidação e de detenções para travar a contestação.
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