Um conhecido cantor da República Democrática do Congo (RDCongo) foi morto a tiro enquanto filmava um videoclipe em Goma, no leste do país, uma cidade ocupada pelo grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23).
Segundo a BBC, o corpo de Delphin Katembo Vinywasiki, mais conhecido por Delcat Idengo, foi encontrado numa rua na quinta-feira, com a cabeça parcialmente coberta de sangue. Segundo informações não confirmadas, terá sido baleado.
Idengo, conhecido por músicas que criticam tanto o governo da RDCongo como os rebeldes, estava entre os milhares de prisioneiros que fugiram da prisão de Muzenza, em Goma, a 27 de janeiro, quando o M23 iniciou o seu ataque à cidade.
O músico tinha lançado recentemente uma música, intitulada ‘Arma’, onde criticava a ocupação rebelde e o governo da RDCongo acusa o grupo pelo assassínio.
"Nem o horror, nem o terror e muito menos o recurso intempestivo às armas contra civis inocentes poderão apagar a chama da resistência em Goma e em todo o país. Hoje, Indico Declat foi acrescentado à lista dos nossos mártires", escreveu o porta-voz do governo da RDCongo, Patrick Muyaya, na rede social X.
"Ele escolheu usar a sua voz e a sua arte para dizer NÃO à barbárie ruandesa no nosso território", acrescentou, frisando que "será feita justiça".
#RDC : Ni l’horreur, ni la terreur, encore moins le recours intempestif aux armes contre les civils innocents ne pourront éteindre la flamme de la résistance à #Goma et dans tout le pays.
— Patrick Muyaya (@PatrickMuyaya) February 13, 2025
Dans la liste de nos martyrs s’est ajouté aujourd’hui, Indico Declat.
Lui avait choisi… pic.twitter.com/iwEI7TRyfL
Recorde-se que os rebeldes tomaram Goma, capital de dois milhões de pessoas e sede de ONG internacionais e instituições da ONU, a 27 de janeiro, após dias de intensos combates que fizeram quase 3.000 mortos, quase 2.900 feridos e centenas de milhares de deslocados, segundo a ONU.
Uma semana depois, a 3 de fevereiro, anunciaram um cessar-fogo unilateral por motivos humanitários, que foi quebrado apenas dois dias após o início de novos combates na cidade de Nyabibwe, a 100 quilómetros de Bukavu.
A ofensiva do M23 - um grupo armado formado sobretudo por tutsis que sofreram o genocídio do Ruanda em 1994 - aumentou as tensões com o vizinho Ruanda, uma vez que o governo congolês acusa Kigali de apoiar o M23, uma alegação confirmada pela ONU.
Leia Também: Kinshasa pede à UE que sancione responsáveis políticos e militares do Ruanda