"Ele é o ministro da Justiça e está dedicado às suas funções específicas no ministério", afirmou o porta-voz presidencial Manuel Adorni, quando questionado sobre o envolvimento de Cúneo Libarona na defesa de Milei.
Vários advogados argentinos apresentaram uma queixa-crime acusando Milei de fraude por promover uma criptomoeda nas suas redes sociais, após o Presidente ter publicado uma mensagem numa rede social sobre $LIBRA, uma moeda que, segundo ele, visava "incentivar o crescimento económico financiando pequenas empresas e empresas em desenvolvimento".
O porta-voz adiantou que "ainda não se sabe" quem irá representar o Presidente nos tribunais e considerou que o incidente é apenas uma questão "muito menor".
Adorni referiu-se ainda ao papel da "Investigative Task Force" (UIT na sigla argentina), criada por Milei, "com o objetivo de lançar uma investigação" sobre o caso $LIBRA.
"O que a UIT vai fazer é recolher informações e apresentá-las à justiça, não vai investigar. Quem, neste caso, investiga os funcionários é o Gabinete Anticorrupção e quem, neste caso, pode investigar o resto dos factos é a Justiça".
O porta-voz acrescentou que "todas as informações que podem ser recolhidas e que são exigidas (pelos tribunais) serão apresentadas".
As declarações do porta-voz oficial surgem na sequência da transmissão, na segunda-feira, de um fragmento de uma entrevista televisiva com Milei, que não foi para o ar mas que circulou nas redes sociais, em que o Presidente sugeria que Cúneo Libarona teria um papel na sua defesa.
"A verdade é que os assuntos jurídicos não são a minha praia. Seria imprudente da minha parte antecipar-me a isso. A pessoa que certamente mais percebe do assunto é o nosso Ministro da Justiça, Mariano Cúneo Libarona", disse Milei, quando questionado pelo jornalista sobre quem iria liderar a sua defesa.
Quando questionado pelo jornalista se o ministro seria o responsável pela "estratégia judicial", Milei respondeu: "É o Ministro da Justiça, é ele que percebe destas questões".
O jornalista fez notar a Milei que ele era Presidente, enquanto Milei insistia que a emissão da $LIBRA tinha sido efetuada a partir da sua conta pessoal, enquanto cidadão.
No meio desta troca de palavras, o assessor presidencial Santiago Caputo interrompeu a entrevista e falou ao ouvido de Milei, pedindo depois ao jornalista Jonatan Viale que repetisse a pergunta.
"Eu compreendo. Eu percebo isso. Pode trazer quilombo (problemas) em tribunal", disse Viale nessa altura.
O governo de Javier Milei está a atravessar uma crise devido ao caso da criptomoeda $LIBRA, que foi promovida pelo chefe de Estado argentino no passado dia 14 de fevereiro na sua conta X, antes de entrar em colapso.
A mensagem foi apagada pelo próprio algumas horas depois e o valor da moeda entrou em colapso, causando milhões de dólares em perdas aos seus breves investidores, de acordo com o 'site' financeiro Dexscreener.
A moeda, desenvolvida pela KIP Protocol e Hayden Davis, poderia ser obtida acedendo a uma ligação que direcionava os utilizadores para um 'site' chamado vivalalibertadproject.com, referindo-se à frase com a qual Milei encerra discursos e mensagens nas suas redes sociais.
Por este motivo, o chefe de Estado já recebeu várias queixas na Argentina e até nos Estados Unidos, bem como um pedido de destituição por parte de deputados da oposição.
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