Segundo dados da Unicef, desde o início do ano "mais de 2,5 mil escolas no leste da RDCongo tiveram que ser fechadas por causa dos combates na região" e "o número total de alunos", no país, que está "sem conseguir ir às aulas chega aos 795.000".
A agência da ONU receia ainda que as crianças, que estão agora impedidas de estudar, jamais regressem a um ambiente escolar.
Por outro lado, existe uma preocupação crescente, de pais e professores, com minas terrestres colocadas nas zonas periféricas das escolas, indicou.
Para a Unicef, "é preciso investir em medidas de emergência para salvar o ano letivo dos alunos [democrático-]congoleses na região afetada pelos confrontos entre tropas do Governo" e rebeldes do Movimento 23 de Março (M23), "um movimento apoiado pelo país vizinho, Ruanda", disse.
O movimento rebelde tomou a segunda cidade no leste do país desde que conquistou Goma, a capital de Kivu do Norte, uma região rica em minerais, explicou.
A Unicef está também a apelar a 52 milhões de dólares (cerca de 50 milhões de euros) para ajudar "480.000 alunos".
"Mesmo antes da escalada da violência no leste da RDCongo, o sistema educacional já estava debilitado com o alto número de deslocados internos, devido à insegurança", salientou.
"Estima-se que mais de 6,5 milhões de pessoas, incluindo 2,6 milhões de crianças, foram obrigadas a fugir das suas casas", lamentou.
Depois de ter tomado Goma, capital do Kivu do Norte, numa ofensiva relâmpago no final de janeiro, o grupo armado M23 tomou também o controlo de Bukavu, no domingo.
Cerca de 4.000 soldados ruandeses estão presentes no leste da RDCongo e os últimos combates já causaram quase 3.000 mortos, segundo a ONU.
A União Africana, que tem sido criticada pela sua posição tímida, apelou no domingo à "retirada imediata do M23 e dos seus apoiantes", alertando para a "balcanização da RDCongo" e para o desmembramento do país, com vastas áreas de território agora fora do controlo de Kinshasa. No entanto, não mencionou explicitamente o Ruanda.
Desde a recente escalada de violência, a comunidade internacional tem vindo a apelar repetidamente a um desanuviamento, com um cessar-fogo, e a uma retirada das tropas ruandesas, até agora em vão, num contexto de sérias preocupações de que o conflito possa degenerar numa guerra regional.
Os países vizinhos Uganda e Burundi, bem como a África do Sul, enviaram tropas para a região para apoiar o exército congolês. Numa declaração feita no sábado, o M23 exigiu "a retirada imediata" dos soldados do Burundi presentes no Kivu do Sul.
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