O investigador e professor de Direito e Política da UE na HEC Paris Alberto Alemanno destacou, em declarações à Lusa, que "embora esta situação fosse esperada desde 06 de novembro [de 2024], quando Trump ganhou as eleições presidenciais nos EUA, os líderes da UE foram novamente apanhados de surpresa pela enxurrada de anúncios e pela redefinição da relação transatlântica".
O consultor em assuntos europeus Henrique Burnay salientou, também à Lusa, que "em um mês, Trump conseguiu arrasar com décadas de confiança mútua, de aliança".
A UE, considerou Burnay, tem de pensar no que fazer neste cenário em que tudo é inédito, não só a "muita pressão pelos Estados Unidos" mas também em que o empresário Elon Musk, responsável por um departamento que visa modernizar a administração norta-americana, "anda a promover um partido que é adversário da democracia", o da direita radical na Alemanha.
A reação dos gigantes tecnológicos dos EUA às leis europeias dos Serviços Digitais e dos Mercados Digitais, disse também o consultor, "mostram que afinal a UE não é irrelevante, por exemplo, quando regula tem impacto".
Alemanno, por seu lado, defendeu que os principais impactos do primeiro mês de Trump na Casa Branca foram sentidos no comércio, na defesa e também na segurança geral europeia, "com os líderes da UE a serem deixados de fora das incipientes negociações de paz entre a Ucrânia e a Rússia, mediadas pelos EUA".
Ao fim de um mês de regresso à Casa Branca, Trump ainda não se reuniu o presidente do Conselho Europeu, António Costa, nem com a líder da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, nem manteve qualquer contacto para além das habituais mensagens de felicitações quando da sua eleição.
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