"Estou determinado a manter discussões positivas, rápidas e construtivas com os sociais-democratas, a fim de formar um governo de coligação [...] por volta da noite de Páscoa, a 20 de abril", dentro de sensivelmente dois meses, declarou Merz, na sede da União Democrata-Cristã (CDU), em Berlim.
Apontando que o bloco conservador - formado pela CDU e a sua congénere bávara União Social Cristã (CSU) - conquistou 208 assentos no futuro Bundestag (câmara baixa do parlamento alemão), o que, juntando aos 120 deputados eleitos pelos sociais-democratas do SPD, do chanceler cessante Olaf Scholz, permite obter 328 lugares dos 630 do parlamento, Merz observou que estão reunidas as condições para reeditar a chamada «grande coligação».
"E é exatamente isso que queremos", assumiu Merz, que já descartara qualquer cooperação com o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), a segunda força política mais votada nas eleições de domingo.
Relativamente ao resultado alcançado pela AfD, que duplicou a votação de 2021 e chegou aos 20,8%, o melhor resultado da extrema-direita na Alemanha desde a II Guerra Mundial, Friedrich Merz reconheceu que "é um sinal alarmante", que não pode ser ignorado.
Constatando que a AfD "duplicou a sua votação em termos percentuais e, em números absolutos, tornou-se ainda mais forte, passando de 4,8 milhões de votos para 10,3 milhões de votos", o líder dos conservadores considerou que este é "um aviso final" aos partidos moderados para que "encontrem soluções comuns", justificando também assim o seu desejo de formar uma coligação estável com o SPD.
O bloco conservador liderado por Merz venceu as eleições legislativas de domingo na Alemanha, mas com um resultado abaixo dos 30% (28,6%), e necessitará de se coligar com os socialistas do SPD, ainda que estes tenham obtido o pior resultado da sua história, ao quedarem-se pelos 16,4%.
Já a direção do SPD reiterou hoje que está aberto a conversações para formar governo com os conservadores, mas sustentou que "a bola está do lado" de Friedrich Merz.
"Estamos dispostos a dialogar, mas a bola está do lado de Merz e será o desenrolar das conversações que decidirá se é possível formar um governo", afirmou o copresidente do partido, Lars Klingbeil, numa conferência de imprensa em Berlim, juntamente com o chanceler cessante Olaf Scholz e a outra copresidente do SPD, Saskia Esken.
Sholz já excluiu fazer parte de um futuro governo, salientando que se (re)candidatou ao cargo de chanceler "e não a qualquer outro cargo ministerial num governo liderado pela CDU", acrescentando que não está sequer disposto a liderar as negociações que se seguirão com os conservadores para a formação de uma coligação.
[Notícia atualizada às 13h45]
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