"Nós nos reunimos em um momento crucial de profunda transformação, onde os princípios do multilateralismo e da cooperação estão sendo testados por crises que exigem ação urgente e coletiva", afirmou Vieira.
O ministro brasileiro defendeu que um mundo multipolar é o objetivo compartilhado pelos estados que integram o grupo e que um sistema global reequilibrado deve repousar sobre uma base mais firme de justiça e representação dos países emergentes.
"Estamos testemunhando o processo de desglobalização. Políticas protecionistas, fragmentação comercial, barreiras não económicas e a reconfiguração das cadeias de suprimentos ameaçam aprofundar as desigualdades globais", disse.
"Os BRICS devem resistir a essa fragmentação e defender um sistema de comércio multilateral aberto, justo e equilibrado --- um que atenda às necessidades do Sul Global e promova uma ordem económica genuinamente multipolar", completou.
Este encontro do BRICS, realizado em Brasília, é o primeiro dos chefes de delegações do fórum em 2025 sob a presidência brasileira, e que servirá para discutir a agenda da cimeira de líderes marcada para 6 e 7 julho, no Rio de Janeiro.
Vieira lembrou que as tensões geopolíticas são cada vez mais profundas, citando que desigualdades crescentes e rápidas mudanças tecnológicas e económicas estão desafiando estruturas tradicionais de governança.
"Instituições de longa data lutam para se adaptar, enquanto economias emergentes exigem, com razão, um papel mais equitativo na formação de decisões que afetam a todos nós. Nesse cenário em evolução, os BRICS têm um papel crucial a desempenhar na promoção de uma ordem mundial mais justa, inclusiva e sustentável", disse.
O representante do Governo brasileiro também elogiou a recente expansão do BRICS, de cinco para onze membros, facto que considerou "um grande desenvolvimento".
"Representando quase metade da população mundial e 39% do Produto Interno Bruto global, também somos responsáveis por metade da produção global de energia. Este BRICS expandido carrega a promessa de um Sul Global que não é mais meramente um participante em assuntos globais, mas uma força influente e construtiva na formação da ordem internacional", salientou o chefe da diplomacia brasileira.
O grupo BRICS foi fundado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e nos últimos meses aceitou Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Irão, Indonésia e Arábia Saudita como novos membros, embora esta última ainda não tenha formalizado sua adesão.
O ministro brasileiro defendeu ainda que os membros do fórum de países emergentes deve continuar a promover mecanismos financeiros alternativos, como o Novo Banco de Desenvolvimento, que considerou desempenhar "um papel vital no financiamento de projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável em economias emergentes".
Além da reforma da governança global, a presidência brasileira do BRICS se concentrará na cooperação e em parcerias para o desenvolvimento social, económico e ambiental.
"Ao fortalecer a cooperação do Sul Global, promover parcerias para o desenvolvimento social, económico e ambiental e defender o multilateralismo, podemos ajudar a construir um futuro que reflita as aspirações das pessoas que representamos", concluiu Vieira.
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