Cimeira árabe adota plano de reconstrução de Gaza em alternativa ao de Trump

Os líderes árabes adotaram hoje no Cairo um plano para a reconstrução da Faixa de Gaza e o regresso da Autoridade Palestiniana, apresentado como alternativa ao plano de Donald Trump de colocar o território sob controlo americano.

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© Ashraf Amra/Anadolu via Getty Images

Lusa
05/03/2025 00:02 ‧ há 4 horas por Lusa

Mundo

Médio Oriente

Os líderes dos países da Liga Árabe alertaram contra as tentativas "odiosas" de deslocar a população de Gaza, e apelaram para a união dos palestinianos sob a égide da Organização de Libertação da Palestina (OLP), excluindo efetivamente o movimento islamita Hamas, que não é membro daquela entidade.

 

Acordaram ainda em criar um fundo para financiar a reconstrução de Gaza, destruída por 15 meses de guerra entre Israel e o Hamas, e apelaram para uma contribuição internacional para acelerar o processo.

Segundo o plano a Faixa de Gaza será administrada durante um período de transição por um comité de tecnocratas palestinianos, antes de a Autoridade Palestiniana retomar o controlo do território.

Na cimeira, o Egito apresentou um plano de 53 mil milhões de dólares (50 mil milhões de euros) em cinco anos, uma estimativa equivalente à da ONU, para reconstruir a Faixa de Gaza.

Por seu lado, o Hamas "saudou" o plano árabe e a criação de um comité para gerir o território após a guerra.

A primeira fase da reconstrução, com uma duração de seis meses, será consagrada à remoção dos escombros, à desminagem e ao alojamento provisório de mais de 1,5 milhões de pessoas.

Seguir-se-ão duas fases de reconstrução, a primeira das quais abrangerá as infraestruturas essenciais e o alojamento permanente e a segunda as que incluem um porto comercial e um aeroporto.

O presidente egípcio Abdel Fattah al-Sissi afirmou que o plano garantirá que os 2,4 milhões de habitantes de Gaza permaneçam nas suas terras, em resposta ao plano do Presidente dos EUA de os expulsar para o Egito e a Jordânia e transformar o território na "Riviera do Médio Oriente".

No entanto, Sissi não criticou diretamente o plano de Donald Trump, que causou um protesto internacional no início de fevereiro, e disse que o presidente norte-americano era "capaz de alcançar a paz" na região.

"Qualquer tentativa odiosa de deslocar o povo palestiniano ou (...) anexar parte dos territórios palestinianos ocupados mergulharia a região numa nova fase de conflito (...) que representa uma clara ameaça à (...) paz" no Médio Oriente, refere o comunicado final divulgado pela cimeira.

O Cairo vai procurar o apoio dos países muçulmanos para o seu plano numa cimeira de emergência da Organização de Cooperação Islâmica (OCI), na sexta-feira, em Jeddah, na Arábia Saudita, para que o projeto "se torne um plano árabe e islâmico", segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros egípcio, Badr Abdelatty.

A cimeira realizou-se num contexto de impasse sobre a continuação do cessar-fogo em vigor desde 19 de janeiro, entre Israel, que exige a "desmilitarização total" de Gaza, e o Hamas, que insiste em permanecer no território.

O movimento islamita tomou o poder no território em 2007, depois de ter destituído a Autoridade Palestiniana, liderada por Mahmoud Abbas, de 89 anos, que afirmou nesta cimeira estar preparado para organizar eleições presidenciais e legislativas nos Territórios Palestinianos "no próximo ano", "desde que as condições estejam reunidas".

O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, que também esteve no Cairo, afirmou que a ONU "apoia firmemente" o plano árabe.

O Governo israelita continua a repetir que se reserva o direito de retomar os combates em qualquer altura para aniquilar o Hamas se este não depuser as armas, e lamentou que a cimeira extraordinária de líderes da Liga Árabe, na qual participaram também a União Africana (UA) e a União Europeia (UE), tenha optado pelo plano egípcio para a reconstrução de Gaza sem avaliar a ideia de Donald Trump.

A primeira fase da trégua de 42 dias entre Israel e o Hamas terminou em 1 de março, depois de ter permitido o regresso de 33 reféns detidos em Gaza em troca da libertação por Israel de cerca de 1.800 detidos palestinianos.

As duas partes estão agora em desacordo sobre a próxima fase do processo, cuja primeira consequência é o bloqueio imposto por Israel no domingo à entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza sitiada.

Por outro lado, os islamitas voltaram a insistir na "necessidade de obrigar" Israel a aplicar a segunda fase do acordo de cessar-fogo, que deveria ter entrado em vigor no domingo, e a "rejeitar qualquer projeto que vise a deslocação dos palestinianos".

Israel quer que a primeira fase da trégua seja prolongada até meados de abril, enquanto o Hamas insiste na aplicação da segunda fase, que prevê um cessar-fogo permanente e a libertação de todos os reféns.

"A ideia do presidente Trump é uma oportunidade para os habitantes de Gaza terem liberdade de escolha com base no livre arbítrio - é isso que deveria ter sido pressionado", disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros numa mensagem no X.

O ataque do Hamas no sul de Israel fez 1.218 mortos israelitas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais e incluindo os reféns que morreram ou foram mortos em cativeiro.

A resposta do exército israelita causou pelo menos 48.405 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas, considerados fiáveis pela ONU.

Leia Também: Cerca de 40 corpos exumados de vala comum no norte da Faixa de Gaza

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