Os preços dos alimentos em Gaza aumentaram acentuadamente na sequência da decisão de Israel de impedir a entrada de ajuda humanitária. O custo da farinha e dos vegetais mais que duplicou em alguns casos, segundo a Agência das Nações Unidas, citada pela BBC.
Se o bloqueio israelita continuar "pelo menos 80 cozinhas comunitárias poderão ficar sem stock brevemente" e as restantes parcelas alimentares que "irão sustentar 500 mil pessoas, ficarão sem stock em breve", revelou o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários.
Em declarações à BBC Árabe, um residente local partilhou que o custo dos bens essenciais duplicou na noite de domingo, sendo que os preços já têm vindo a duplicar e a triplicar desde o início da guerra.
O aumento tem-se verificado, por exemplo, nos tomates, onde o custo de 1kg duplicou e o de pepinos praticamente triplicou.
"Mal podemos pagar um quilo de tomates apenas para satisfazer a nossa fome", partilhou um habitante Issam ao mesmo meio, sublinhando que as pessoas não conseguem comprar comida "porque não há liquidez monetária".
Por sua vez, Issa Meit, também de Gaza, disse que havia uma escassez de bens e um consumo muito alto e que tinha "muito medo que os preços voltem a subir".
Alguns habitantes locais culparam os comerciantes pelo aumento de preços, dizendo que eles estão a explorar a situação. Porém, no reverso da moeda, um comerciante Mahmoud Abu Mohsen diz que aumentou os preços porque os grossistas a quem compra também subiram os custos, de acordo com a BBC Árabe.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, travou a entrada de ajuda humanitária em Gaza no fim-de-semana, tendo apontado o dedo ao Hamas que acusa de roubar fornecimento e de recusar a proposta norte-americana de prolongar o acordo de cessar-fogo. Por sua vez, um porta-voz do Hamas disse que a paralisação foi uma "chantagem mesquinha".
A primeira fase do cessar-fogo entre Israel e o movimento radical palestiniano Hamas terminou no sábado, 1 de março, sem um acordo sobre uma segunda fase, que deveria levar ao fim definitivo da guerra e à libertação de todos os reféns.
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