Num comunicado de imprensa, o ministério denunciou "a tentativa de homicídio e posterior sequestro de 29 membros das forças da ordem" no departamento de Cauca, numa região montanhosa sob o controlo da guerrilha do Estado Maior Central (EMC), que nunca aceitou o acordo de paz assinado em 2016 com a maioria dos grupos de guerrilha associados às FARC.
Segundo o ministério, "pessoas locais instrumentalizadas" pela guerrilha participaram no sequestro, como represália à pressão exercida pelo Governo sobre o EMC após tentativas, infrutíferas, de negociar o possível desarmamento do grupo.
Vídeos divulgados pelas autoridades locais mostram um tanque em chamas a afastar-se enquanto um grupo de pessoas lhe atira pedras. Outros vídeos mostram a polícia de choque a lançar granadas de fumo e a avançar por uma rua entre tiros.
Os factos ocorreram nos municípios de Argelia e El Tambo, uma região onde se encontra uma das maiores concentrações de plantações de coca, de acordo com as Nações Unidas.
Em outubro de 2024, o exército lançou uma operação denominada "Perseu" nesta zona, com o objetivo de recuperar o controlo do território.
O Governo afirma que o EMC é responsável por ações "levadas a cabo com crueldade" por homens "vestidos à civil para se infiltrarem e atacarem" polícias e militares.
Numa mensagem na rede social X, o Presidente colombiano, Gustavo Petro, de esquerda, afirmou que o ECM estava a agir com "desespero e, por conseguinte, a utilizar a população civil".
"A sua fraqueza militar não lhe permite enfrentar o exército", afirmou Petro.
O EMC estava a conduzir negociações de paz com o governo de Petro, mas dividiu-se em duas fações em 2024.
A fação liderada por um comandante, que se intitula Ivan Mordisco, opera nesta região e retirou-se das negociações, aumentando as suas ações violentas contra as forças da ordem. A outra fação, liderada por um homem conhecido como 'Calarca', prossegue as conversações.
"[Os dissidentes] não só recrutam menores à força, como também utilizam e coagem a população civil para expulsar as forças de segurança e impedir o acesso das instituições do Estado à saúde, à educação e ao trabalho", acrescentou o Ministério de Defesa colombiano.
"Estes atos constituem crimes de guerra que violam o Direito internacional humanitário e os direitos humanos, ao deslocarem, confinarem, isolarem e aterrorizarem a população civil", denunciou ainda.
A Colômbia está a viver a pior onda de violência numa década, com vários surtos de guerrilha no nordeste e sudoeste do país.
A escalada está a pôr em risco os esforços do governo para desarmar todos os grupos armados na Colômbia, visando pôr fim a um conflito interno que dura há seis décadas.
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