"Para nós é crucial destacar a importância de respeitar o direito à liberdade de expressão e à reunião pacífica em todos os lugares", disse o porta-voz do secretário-geral, Stéphane Dujarric, na sua conferência de imprensa diária.
No sábado, agentes do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês) detiveram Mahmoud Khalil, um estudante da Universidade de Colúmbia --- uma das prestigiadas universidades da 'Ivy League' ---, no seu apartamento no campus universitário, e informaram que o seu visto de estudante havia sido revogado.
A advogada de Khalil, Amy Greer, informou posteriormente aos agentes que o ativista tinha um visto de residência permanente - 'green card' -, sendo que as autoridades indicaram que revogariam também essa autorização, embora não esteja claro se conseguirão fazer isso tão rapidamente.
O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, disse numa mensagem publicada no domingo na plataforma X que o Governo irá "revogar os vistos e/ou 'green cards' dos apoiantes do Hamas na América para que eles possam ser deportados".
O caso de Khalil representa a primeira tentativa de deportação conhecida publicamente sob a repressão prometida pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, contra estudantes que protestam contra a guerra em Gaza.
"Esta é a primeira detenção e haverá muitas outras", ameaçou hoje Trump após a detenção do ativista pró-palestiniano, a quem se referiu como um "estudante radical estrangeiro pró-Hamas".
"Sabemos que há outros estudantes na Colúmbia e noutras universidades que se envolveram em atividades pró-terroristas, antissemitas e antiamericanas, e a administração Trump não tolerará isso. (...) Vamos encontrar, prender e expulsar estes simpatizantes terroristas", escreveu o chefe de Estado na sua rede Truth Social, acrescentando: "Esperamos que todas as universidades do país sigam as regras".
O Presidente republicano argumentou que os manifestantes perderam os seus direitos de permanecer no país ao apoiar o grupo terrorista palestiniano Hamas, que controla Gaza. Mas Khalil e outros líderes estudantis rejeitaram essas alegações, dizendo que são parte de um movimento antiguerra mais amplo que também conta com estudantes e grupos judeus entre os seus apoiantes.
Khalil foi um dos ativistas mais visíveis nos protestos do ano passado, servindo como negociador para estudantes que montaram um acampamento no campus universitário.
O ativista tem um mestrado pela escola de Relações Internacionais da Colúmbia. A sua mulher, que é cidadã norte-americana, está grávida de oito meses.
Ativistas pró-Israel pediram à administração de Trump nas últimas semanas que iniciasse procedimentos de deportação contra o manifestante.
No pico dos protestos em universidades de todo o país, em abril do ano passado, estudantes da Colúmbia disseram à Lusa que consideravam "completamente ridículas" as ameaças de suspensão que estavam a receber por estarem "a exercer o seu direito ao protesto".
Enquanto isso, na semana passada, o Governo de Trump retirou 400 milhões de dólares (369 milhões de euros) em financiamento federal da Colúmbia devido ao que alegou ser o fracasso desta prestigiada instituição de ensino da 'Ivy League' em controlar o antissemitismo no seu campus.
Khalil está atualmente retido num centro de detenção de imigrantes no Luisiana, depois de ter sido inicialmente enviado para uma instalação em Nova Jérsia, de acordo com o banco de dados 'online' do ICE, que identifica o local de nascimento do ativista como Síria.
Um protesto foi marcado para a tarde de hoje em frente aos escritórios do ICE em Manhattan. Outro protesto também está planeado para terça-feira em frente aos portões da universidade.
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