Teixeira, lusodescendente de 22 anos, admitiu ter recolhido ilegalmente alguns dos segredos mais sensíveis dos Estados Unidos e partilhado na rede social Discord, acabando condenado a 15 anos de prisão em novembro passado.
Agora, enfrenta acusações adicionais de desobediência a ordens e obstrução da justiça num tribunal militar.
De acordo com a imprensa local, a audiência durou menos de duas horas e nada foi decidido nesta primeira sessão.
A equipa de defesa do jovem entrou com uma ação para que a acusação de obstrução seja rejeitada, argumentando que o movimento do tribunal marcial equivaleria a processá-lo duas vezes pelo mesmo crime.
Os militares discordaram, com o tenente-coronel Peter Havern a posicionar-se contra a rejeição, dizendo que a acusação envolve uma conduta diferente, num momento diferente dos atos que obstruíram a justiça no caso federal.
A juíza militar Vicki Marcus levou a moção da defesa em consideração e disse que os procedimentos seriam retomados na quinta-feira.
Em relação à acusação de desobediência a ordens, o tribunal reconheceu que há um acordo de confissão de culpa, mas nenhuma das partes entrou detalhes. Espera-se que o tribunal analise os pormenores do acordo com Teixeira na quinta-feira.
Jack Teixeira vestiu o seu uniforme militar para os procedimentos na Base Aérea de Hanscom em Massachusetts e não fez comentários além de confirmar perante o tribunal que entendeu o processo. Vários membros da família compareceram à audiência.
Os procuradores militares advogaram que o tribunal marcial é apropriado para este caso, dado que obedecer ordens é o "núcleo absoluto" das Forças Armadas.
Jack Teixeira declarou-se culpado no início de 2024 de seis acusações de retenção e transmissão intencionais de informações de defesa nacional sob a Lei de Espionagem, mais concretamente de divulgar documentos militares altamente confidenciais sobre a guerra na Ucrânia.
A violação de segurança fez soar os alarmes sobre a capacidade dos Estados Unidos de proteger os seus segredos mais bem guardados e forçou o Governo do ex-presidente Joe Biden a esforçar-se para tentar conter as consequências diplomáticas e militares dessa divulgação.
Os vazamentos causaram embaraço ao Pentágono, que reforçou os controlos para proteger informações confidenciais e penalizou membros que intencionalmente falharam em tomar as medidas necessárias sobre o comportamento suspeito de Teixeira.
Teixeira, de North Dighton, no estado de Massachusetts, admitiu que recolheu ilegalmente alguns dos segredos mais confidenciais do país e os compartilhou com outros utilizadores na plataforma Discord.
A defesa descreveu Teixeira como um indivíduo autista e isolado, que passava a maior parte do tempo 'online', especialmente com a sua comunidade no Discord. Advogaram que as suas ações, embora criminosas, nunca tiveram a intenção de "prejudicar os Estados Unidos" e frisaram que o jovem não tinha antecedentes criminais.
Os procuradores, no entanto, argumentaram que Teixeira não sofre de uma deficiência intelectual que o impede de saber o certo do errado. Eles argumentaram que o diagnóstico pós-prisão de Teixeira como portador de autismo "leve e de alto funcionamento" "é de relevância questionável nestes procedimentos".
Teixeira, que fazia parte da 102.ª Ala de Informações da Base Aérea da Guarda Nacional de Otis, em Massachusetts, trabalhou como especialista em sistemas de transporte cibernético, essencialmente um especialista em tecnologia da informação responsável pelas redes de comunicações militares.
A divulgação expôs ao mundo avaliações secretas da guerra da Rússia na Ucrânia, incluindo informações sobre movimentos de tropas na Ucrânia e o fornecimento de material e equipamentos para tropas ucranianas. Teixeira também admitiu ter publicado informações sobre os planos de um adversário dos Estados Unidos de prejudicar forças norte-americanas no exterior.
Leia Também: Juiz diz que ativista pró-Palestina detido nos EUA não pode ser deportado