O M23 apoderou-se de Kaziba, que dista quase 45 quilómetros de Bukavu, capital da província de Kivu Sul, também capturada pelos rebeldes, na noite de segunda-feira, embora não seja claro o controlo que os rebeldes têm sobre o território, onde vivem cerca de 100 mil pessoas.
Contactado pela EFE, o secretário administrativo do distrito, Chihire Byumanine, admitiu que os rebeldes estão lá, mas não em todo o lado.
O líder da sociedade civil de Kaziba, Joyeux Badesire Noyau, também confirmou a presença do M23.
"Durante toda a noite de domingo houve combates entre as nossas forças [exército democrático-congolês], as Wazalendo (milícias aliadas do exército) e os rebeldes. Houve muitas explosões, especialmente nos arredores de Kaziba", acrescentou Noyau.
De acordo com aquele dirigente, as pessoas começaram a fugir da comarca na sexta-feira, enquanto os deslocados de Bukavu e de outras áreas, que ali esperavam encontrar refúgio, foram forçados a continuar a sua viagem.
"Houve um forte movimento de deslocação da população. Os soldados burundianos [que apoiam o exército democrático-congolês] que estavam aqui retiraram-se para as colinas. As forças armadas da RDCongo e os Wazalendo também", acrescentou.
Ao contrário de outras zonas do leste do país, o distrito de Kaziba não é particularmente rico em minerais. No entanto, o seu subsolo ainda contém ouro, embora em pequenas quantidades.
"Não sei porque é que os rebeldes atacaram Kaziba, porque aqui não há nada. Não temos tanto ouro como noutros sítios. Bem, provavelmente para chegar ao território de Fizi", nas margens do lago Tanganica, que faz fronteira com a Tanzânia, acrescentou Noyau.
O M23, que é apoiado pelo Ruanda - segundo a ONU e países como os EUA, a Alemanha e a França - apoderou-se de Bukavu, a capital estratégica de Kivu Sul, vizinho de Kivu Norte, cuja capital, Goma, também ocupou em 27 de janeiro, no fim de semana de 15 e 16 de fevereiro.
O grupo controla as capitais destas duas províncias, que fazem fronteira com o Ruanda e são ricas em minerais como o ouro e o coltan, essenciais para a indústria tecnológica e para o fabrico de telemóveis.
Em 24 de fevereiro, a primeira-ministra da RDCongo, Judith Suminwa, declarou em Genebra que, de acordo com os números do Ministério da Saúde Pública, desde janeiro de 2025 o conflito causou a morte de mais de 7 mil pessoas, dos quais cerca de 2.500 estão enterrados sem identificação.
A atividade armada do M23 - um grupo constituído principalmente por tutsis vítimas do genocídio ruandês de 1994 - recomeçou em novembro de 2021 com ataques relâmpagos contra o exército governamental no Kivu Norte.
Desde então, tem avançado em várias frentes, fazendo temer uma possível guerra regional.
Desde 1998, o leste da RDCongo está mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e pelo exército, apesar da presença da missão de manutenção da paz da ONU (Monusco).
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