Em declarações aos jornalistas na sede das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, e rodeada pelos embaixadores dos Estados-membros da UE - incluindo de Portugal-, Kaja Kallas reforçou que qualquer acordo de paz deve prever fortes garantias de segurança e advogou que a Rússia "não é de confiança".
"Concordo com o Presidente Trump que a matança deve parar. [O Presidente russo, Vladimir] Putin pode acabar com essa guerra instantaneamente. Tudo o que ele precisa fazer é parar de bombardear a Ucrânia. Em vez disso, os ataques russos intensificaram-se nos últimos dias, mostrando mais uma vez que a Rússia não quer a paz", afirmou.
"Qualquer acordo com Putin deve ser apoiado por fortes garantias de segurança", defendeu ainda, num momento em que Kyiv e Washington estão reunidos na Arábia Saudita para discutir um eventual acordo de cessar-fogo.
De acordo com a alta representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, o histórico de tratados quebrados pela Rússia "não deixa espaço para confiança".
O Presidente norte-americano surpreendeu Kyiv e os aliados europeus ao anunciar uma recente reaproximação a Vladimir Putin, acabando por abalar a unidade ocidental e a estratégia de isolamento de Moscovo.
Neste momento, o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, e o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Andriy Sybiga, estão reunidos na cidade de Jeddah, na Arábia Saudita, sem a Rússia estar presente.
A reunião realiza-se poucas horas depois do maior ataque de drones de Kyiv contra Moscovo desde a invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022.
A primeira sessão de conversações durou pouco mais de três horas e foi retomada à tarde.
Desde o tenso confronto verbal entre Trump e o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, no Salão Oval da Casa Branca, Washington suspendeu a ajuda militar a Kyiv e a partilha de informações.
Kallas, que participou hoje no 'briefing' anual sobre a cooperação entre a ONU e a UE, defendeu várias vezes a unidade entre os Estados-membros do bloco europeu e recordou que, em resposta à ameaça da Rússia, os líderes da UE prometeram aumentar massivamente os gastos militares.
"Não para provocar um conflito com a Rússia, mas para evitá-lo. À medida que fortalecemos a Europa, a UE continuará a ser uma parceira previsível, confiável e credível para as Nações Unidas", assegurou.
Questionada sobre a avaliação que faz das negociações que estão hoje em marcha na Arábia Saudita, Kallas respondeu que "as mensagens que tem recebido da Ucrânia" indicam que essas negociações estão a ser "muito construtivas".
Sem dar mais detalhes sobre a sua visão das negociações, nas quais a UE está ausente, Kallas reforçou que "todos querem uma paz duradoura, uma paz que acabe com o sofrimento" na Ucrânia.
Contudo, não deixou de mencionar que tal paz deve ser acompanhada de responsabilização: "Sabemos que deve haver responsabilização pelos crimes. Estamos aqui na ONU, e sua carta fundadora é um bom documento de princípios universais e deve haver uma resposta se alguém violar esses princípios", disse.
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