"O acordo internacional sobre a questão nuclear iraniana foi uma conquista importante alcançada através do diálogo e da negociação", afirmou Wang Yi, citado pelo jornal oficial China Daily, acrescentando que a "situação atingiu mais uma vez um momento crítico".
Wang apresentou a posição de cinco pontos da China para a resolução da questão nuclear iraniana durante as conversações com o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Ryabkov Sergey Alexeevich, e o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Kazem Gharibabadi, que se encontram em Pequim, para uma reunião tripartida.
"Todas as partes devem defender a visão de uma segurança comum, abrangente, cooperativa e sustentável, criar ativamente condições para o reatamento do diálogo e das negociações e evitar ações que provoquem uma escalada das tensões", afirmou.
O chefe da diplomacia chinesa afirmou que o Irão deve continuar a aderir ao seu compromisso de não desenvolver armas nucleares, enquanto todas as partes devem respeitar plenamente o direito do Irão, enquanto signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, à utilização pacífica da energia nuclear.
O Irão assinou um acordo nuclear, formalmente conhecido como Plano de Ação Conjunto Global (PACG), em julho de 2015, com seis países - Grã-Bretanha, China, França, Alemanha, Rússia e Estados Unidos -, aceitando restrições ao seu programa nuclear em troca de um alívio das sanções.
Os EUA retiraram-se do acordo em maio de 2018 e restabeleceram as sanções.
Durante a reunião, Wang apelou à obtenção de um novo consenso com base no quadro do PACG e manifestou a esperança de que todas as partes avancem na mesma direção e retomem o diálogo e as negociações o mais rapidamente possível.
Os EUA devem demonstrar sinceridade política e regressar às conversações o mais rapidamente possível, argumentou.
Washington impôs na quinta-feira novas sanções contra o Ministro do Petróleo iraniano, Mohsen Paknejad, entidades que venderam crude iraniano à China e navios envolvidos em transferências de petróleo além-fronteiras ('offshore').
Na reunião trilateral de hoje, os vice-ministros sublinharam ainda a importância de respeitar a Resolução 2231 do Conselho de Segurança da ONU, que consagrou o acordo nuclear de 2015 com Teerão, bem como o seu "calendário".
China e Rússia saudaram "a reafirmação por parte do Irão da natureza pacífica do seu programa nuclear e o facto de se abster de desenvolver armas nucleares", segundo a Xinhua.
Também elogiaram "o compromisso do Irão de cumprir plenamente as obrigações do Tratado" e manifestaram o seu apoio à "política de cooperação do Irão com a Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA)".
O diálogo trilateral ocorre num período de tensões crescentes com Washington, que reativou a sua política de "pressão máxima" sobre o Irão, com novas sanções destinadas a reduzir as vendas de petróleo.
O Presidente dos EUA, Donald Trump, disse na semana passada que enviou uma carta a Teerão a pedir o reinício das negociações, embora o líder supremo iraniano, Ali Khamenei, tenha rejeitado qualquer diálogo com "países arrogantes".
O Ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araqchi, reafirmou que Teerão "não negociará sob pressão ou intimidação" e só considerará um acordo "baseado no respeito mútuo".
O Irão manteve conversações em Genebra com a Alemanha, a França e o Reino Unido, mas sem progressos significativos.
China e Rússia estão a tentar consolidar-se como mediadores num processo em que o Ocidente endureceu a sua pressão. Pequim reforçou a sua cooperação com Teerão a nível comercial e energético, enquanto Moscovo é um aliado fundamental do país persa na cena internacional.
A AIEA confirmou, entretanto, que Teerão já acumulou 274 quilos de urânio enriquecido a 60%, aproximando-se do limiar para utilização militar. Teerão terá acelerado significativamente o seu programa nuclear nos últimos meses, quadruplicando a sua taxa de enriquecimento de urânio para 60% e reduzindo a cooperação com os inspetores da agência.
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