"Manifestámos a nossa posição clara sobre esta questão: a UE continuará a defender os princípios da soberania nacional, da integridade territorial e da inviabilidade das fronteiras e a Carta das Nações Unidas", disse a porta-voz principal da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Segurança, Anitta Hipper.
Na quinta-feira, o Presidente norte-americano, Donald Trump, insistiu na ideia de o território autónomo dinamarquês ser integrado nos Estados Unidos, declarando que tal acabará por "acontecer" e promoverá, na sua opinião, a "segurança internacional".
Falando na conferência de imprensa diária da Comissão Europeia, em Bruxelas, Anitta Hipper acrescentou: "Estes [soberania e integridade territorial] são princípios universais e não deixaremos de os defender, tanto mais que está em causa a integridade territorial de um Estado-membro da União Europeia, pelo que a UE apoiará plenamente o Reino da Dinamarca".
Hoje mesmo, a Dinamarca reafirmou que a Gronelândia "não está aberta" à anexação.
"A Gronelândia não está aberta à anexação, quer ao abrigo do tratado da NATO, da Carta das Nações Unidas ou do direito internacional", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros dinamarquês, Lars Lokke Rasmussen.
Donald Trump disse na quinta-feira que a anexação da Gronelândia pelos Estados Unidos acabará por acontecer para promover "a segurança internacional".
"Penso que vai acontecer. Precisamos dela [da Gronelândia] para a segurança internacional", disse o Presidente norte-americano na Casa Branca, em Washington, ao lado do secretário-geral da NATO, Mark Rutte, que não reagiu.
Também em resposta a Trump, o primeiro-ministro interino da Gronelândia, cujo partido foi derrotado nas eleições legislativas na terça-feira, anunciou uma reunião dos líderes partidários "o mais rapidamente possível".
Os gronelandeses levaram ao poder um partido de centro-direita, os Democratas, que é a favor de uma eventual independência da Dinamarca, mas não de uma ligação aos Estados Unidos.
O vencedor das eleições legislativas, Jens-Frederik Nielsen, o provável futuro chefe do governo da Gronelândia, descreveu os comentários de Donald Trump como inapropriados.
"As declarações de Trump nos Estados Unidos são descabidas e mostram mais uma vez que devemos permanecer unidos nestas situações", comentou nas redes sociais.
Trump disse pela primeira vez que queria comprar a Gronelândia em 2019, durante o primeiro mandato na Casa Branca (presidência), e voltou à carga desde que foi eleito em novembro de 2024.
A ilha ártica com dois milhões de quilómetros quadrados (80% dos quais cobertos de gelo) tem uma população de apenas 56 mil habitantes.
Os Estados Unidos mantêm uma base militar no norte da Gronelândia ao abrigo de um amplo acordo de defesa assinado em 1951 entre Copenhaga e Washington.
Além da localização estratégica no Ártico, a Gronelândia possui minerais de terras raras presos sob o gelo, necessários para as telecomunicações, e milhares de milhões de barris de petróleo por explorar.
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