Imagens da guarda costeira integrada na Guarda Nacional mostravam pessoas exaustas, por vezes a transportar boias negras, incluindo mulheres e crianças, algumas das quais parecem mortas.
Os sobreviventes foram resgatados em várias operações na região de Sfax, centro-leste da Tunísia, depois de os seus barcos terem virado, noticiou hoje a agência France-Presse (AFP).
As unidades da guarda marítima no centro do país "conseguiram travar várias tentativas separadas de chegar clandestinamente ao território europeu", referiu a Guarda Nacional, em comunicado.
Juntamente com a Líbia, a Tunísia, cuja linha de costa se encontra em alguns locais a menos de 150 quilómetros da ilha italiana de Lampedusa, tornou-se nos últimos anos o principal ponto de partida no Norte de África para os migrantes que procuram chegar à Europa.
Milhares de migrantes subsaarianos - entre 20.000 e 25.000, segundo fontes humanitárias - estão há meses amontoados em acampamentos improvisados, sem água potável, saneamento ou assistência médica, no meio de olivais perto de aldeias como El Amra, a cerca de trinta quilómetros a norte de Sfax, perto de praias de onde ocorrem regularmente saídas ilegais.
Muitos foram expulsos de Sfax, a segunda maior cidade da Tunísia, desde o outono de 2023, enquanto outros chegaram nos últimos meses.
A Organização Mundial contra a Tortura (OMCT) denunciou num relatório publicado em janeiro que os migrantes subsaarianos se encontram muitas vezes "privados de soluções de alojamento e deixados numa situação precária e perigosa".
Muitas pessoas em Tunes e nas zonas vizinhas aceitam pequenos trabalhos informais na construção civil ou na alimentação, ou pedem esmolas para tentar angariar fundos para pagar aos passadores e abandonar a Tunísia.
De acordo com um comunicado da UNICEF publicado no início de janeiro, o número de migrantes mortos ou desaparecidos no Mediterrâneo "ultrapassou as 2.200 pessoas em 2024, incluindo quase 1.700 vidas perdidas" na perigosa rota do Mediterrâneo central, entre o Norte de África e a costa italiana.
"A maioria destes migrantes foge de conflitos violentos e da pobreza", lembrou a UNICEF.
Após uma campanha desencadeada por um discurso xenófobo do Presidente tunisino Kais Saied, na primavera de 2023, milhares de migrantes da África Subsariana foram repatriados pelos seus países, enquanto as tentativas de imigração ilegal para a Europa aceleravam.
Por iniciativa de Itália, a União Europeia concluiu uma parceria com a Tunísia em julho de 2023, prevendo uma ajuda orçamental de 150 milhões de euros e a concessão de 105 milhões de euros para ajudar o país a combater a imigração ilegal.
Esta ajuda levou a um aumento da interceção de embarcações ilegais em 2024 e a uma redução significativa das chegadas a Itália (-80% em relação ao ano passado, em comparação com 2023, com 19.246 chegadas da Tunísia).
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